quarta-feira, maio 11, 2011

TEREZA

BATISTA

CANSADA

DE

GUERRA




Episódio Nº 104





- Demora por lá? Quem sabe ainda lhe alcanço.

- Nem eu sei, depende tudo do juiz, tenho uma pendência no fórum. Aproveito para ver os amigos, nas secretarias, gente do Governo, conheço muita gente na Bahia e os assuntos daqui, abaixo dos Guedes, quem resolve sou eu. Vou demorar bem uns quinze dias.

- Ainda assim não lhe alcanço, prometi ao velho passar um mês com ele. Sem falar na vizinha, tenho de tirar a limpo esse assunto, descobrir a verdade, se é virgem ou não. Para mim é ponto de honra. Mas façamos o seguinte: eu lhe dou uma carta para Rosália, o amigo a procura em meu nome no Tabaris.

- No cabaré Tabaris? Conheço, já estive.

- Pois ela canta lá todas as noites.

- Então está certo, me dê a apresentação e vou conhecer esse tal de buchê árabe. Mas avise a ela para me respeitar, é ela em mim e acabou-se, se não quiser apanhar.

- Eu mantenho a aposta, capitão, Rosália vai lhe virar pelo avesso.

- Ainda não nasceu a mulher que mande no capitão Justo, muito menos que faça dele cachorro de francesa. Homem macho não se rebaixa a isso.

- Um conto de reis meus contra cem mil reis seus como o capitão lambe Rosália e pede bis.

- Nem por brincadeira repita isso e sua aposta não aceito. Escreva para essa dona, diga que pago a ela direito, mas que me respeite, não debique em mim. Quando me zango, não queira saber.

Tanta fama de mau, um bobo alegre, concluía Daniel. Que outra coisa pensar de um tipo que pendura no pescoço um colar de argolas de ouro a lembrar cabaços de pobres roceiras? Arrotando macheza enquanto em sua cara Daniel seduzia Tereza.

Seduzia Tereza. Sem querer, sem saber porquê, à revelia de sua vontade. Tereza responde aos olhares – que olhos mais tristes, mais azuis e funestos, a boca vermelha, os anéis do cabelo, anjo caído do Céu.

Quando se foram rua afora, conversa de não acabar, Tereza escondeu no peito a flor trazida por ele. Nas costas do capitão, Daniel lhe mostrara a rosa fanada e tendo-a beijado, no balcão a pousou. Para ela a colhera e beijara; no seboso balcão uma rosa vermelha, um beijo de amor.

29

No fim da semana incerta e nervosa, Magda, com a autoridade da irmã mais velha, colocou o problema na mesa de jantar:

- Ele precisa de definir-se. Seja qual for a noiva escolhida, estaremos todas de acordo, as outras três se conformam, iremos tratar do enxoval. Das quatro juntas é que não pode ser, ele é um só.

- Bem que ele dava pelo menos para duas… É tão grande! – atreveu-se Amália disposta a qualquer acordo.

- Não diga tolices, não seja ridícula.

- Mais ridícula é mulher velha atrás de rapaz novo. (clik na imagem e aumente)

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