terça-feira, maio 10, 2011

TEREZA

BATISTA

CANSADA

DE


GUERRA






Episódio Nº 103






_ Só quero saber se é donzela ou não. Aposto que é.

- Deus lhe ouça, capitão.

Ficavam os dois em prosa animada, de conteúdo invariável: a vida dos prostíbulos na Bahia, tema apaixonante para Justiniano Duarte da Rosa. Dan conquistara-lhe a confiança, juntos haviam ido à pensão de Gabi beber cerveja e ver as mulheres. Enquanto, encostado ao balcão do armazém, faz uma análise crítica da alta prostituição local, Daniel, nas barbas do implacável capitão, arrasta a asa a Tereza, na muda linguagem dos olhares e sorrisos carregados de sentido, prepara o terreno.

- Material de terceira, capitão, o da nossa Gabi, francamente medíocre.

- Não me diga que não apreciou aquela garota; não tem nem três meses na vida.

- Grande coisa não era. Quando o capitão aparecer na Bahia vou-lhe servir de cicerone, vou lhe mostrar o que é mulher. Não me diga de novo que conhece a Bahia muito bem; quem não frequentou o castelo de Zeferina nem esteve na casa de Lisete, não conhece a Bahia. E não me venha de polaca de Aracaju porque loura de verdade, platine-blonde de facto e não de cabelo pintado, vou lhe mostrar e que classe! Me diga uma coisa, capitão: já lhe fizeram alguma vez o buché árabe?

- Buchê, milhares, sou apreciador, mulher que deita comigo tem de manejar a língua. Mas esse tal de árabe não sei como seja. Sempre ouvi dizer que buchê é coisa francesa.

- Pois não sabe o que é bom. Essa loira que lhe vou apresentar é especialista, é uma argentina do barulho. Rosália Varela, canta tangos. Prefiro na cama, cantando não é lá essas coisas. Mas, para chupar não tem rival. No buché árabe, então é sensacional.

- Afinal como é esse negócio?

- Não conto porque se contar perde a graça, mas, depois de provar, o capitão não vai querer outra coisa. Só que Rosália exige o vice-versa.

- Que história é essa do vice-versa?

- O nome está dizendo: vice-versa, toma lá, dá cá, ou seja o conhecido sessenta e nove.

- Ah! Isso nunca. Eu, chupar mulher? Uma que me propôs, uma vagabunda que apareceu por aqui lendo sorte nas cartas, quebrei a cara da filha-da-puta para não ousar outra vez. Mulher chupar homem, está certo, é lei natural, mas homem que chupa mulher não é homem, é cachorro de francesa – Aprendera a expressão com Veneranda, repetia com orgulho.

- Capitão, o amigo é um atrasadão, mas quero-lhe ver nas mãos de Rosália fazendo tudo o que ela quiser, lhe digo mais: de joelhos, pedindo para fazer.

- Quem? Eu, Justiniano Duarte da Rosa, o capitão Justo? Nunca.

- Quando vai a Bahia, capitão? Marque a data e eu aposto em Rosália a dez por um. Se ela falhar a festa nada lhe custa, é de graça.

Só que vou a Bahia por esses dias, logo depois das festas. Recebi um convite do Governador para a Festa do Dois de Julho, a recepção no palácio. Foi um amigo meu que é da polícia que arranjou
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