domingo, maio 08, 2011

HOJE É


DOMINGO
(Da minha cidade de Santarém)







Se me fosse possível ler “estados de espírito” no rosto dos meus companheiros de Café, nesta manhã de Domingo, na minha cidade de Santarém, eu diria que há um certo “ar” de alívio, de descompressão, parecido àquelas borrascas que depois de carregarem o horizonte de negras nuvens aterrorizando-nos com a ameaça de raios e coriscos acabam por se dispersar no horizonte levando para outras bandas os temores com que nos amedrontaram.

Foi isto mesmo que José Sócrates veio dizer-nos na noite do dia em que as negociações foram fechadas:

- Pronto, podem dormir descansados porque os piores receios já passaram…

Os jornais, a comunicação social de uma forma geral – há quem insinue “por assopragem” de fontes próximas do governo, outros da oposição - tinham-nos preparado para um desfecho muito pior: subsídio de férias, de Natal, cortes nas pensões a partir dos 600 euros… afinal, nada disso, descansou-nos o chefe do governo… foi um bom acordo, disse ele a pensar nas próximas eleições.

Enfim, as cartas estão na mesa, as regras meticulosamente estabelecidas, tornando o jogo que nos foi imposto, a nosso pedido, difícil e rigoroso. As próximas eleições dirão quem o vai jogar, sendo certo que as dificuldades são tantas que, desta vez, a aliança e o entendimento entre os jogadores vai ser mesmo indispensável ou não se cumpre o acordado e o dinheirinho deixa de vir.

Como dificuldades acrescidas temos o substrato mental de grande parte da estrutura político/ partidária que caracteriza ainda a nossa sociedade, ou uma parte dela: provinciana, saloia, hipócrita, paroquial, reaccionária: … na Páscoa, o líder da oposição e a esposa, sentados no sofá da sala, não me recordo se de mãos dadas, desejavam uma Boa Páscoa aos portugueses… mas, se vier a ser governo, todo o aparelho Administrativo do Estado e Autarquias será invadido de acólitos seus substituindo os acólitos do partido do actual governo em cumprimento de uma concepção atrasada e primária do poder político em que tudo o que são interesses do partido vencedor têm que ser contemplados para que a vitória seja mesmo vitória… para bem deles e mal do país.

Quando nos referimos às “malfadadas” reformas estruturais que parecem ser o “calcanhar de Aquiles” da política governativa, penso como é difícil ultrapassar vícios muito antigos, maneiras de estar em sociedade… afinal a política, como se vê pelos momentos que estamos a viver, não é um jogo, pelo contrário, é o que há de mais sério para o nosso futuro e quando se fala em mudança, não é de governo, nem de partidos, muito menos de ministros… é de mentalidade que permita pôr os superiores interesses do país acima de todos os outros fazendo-o com inteligência, rigor e competência.

Mas esta semana outro facto importante aconteceu no mundo: finalmente mataram Bin Laden:

- Vivo, ele era um consolo moral, um estímulo, uma inspiração, um trunfo para todos os terroristas deste mundo;

- Morto, um alívio para a humanidade.

Ninguém deve continuar a viver depois de ter sido o mentor do espectáculo horrível a que o mundo assistiu a 11 de Setembro de 2001.

Desde esse momento, a presença entre os vivos de Osama Bin Laden era um escândalo, uma ofensa, motivo de luto e nojo para todos nós.

Poderá até haver um recrudescimento momentâneo de terrorismo em sinal de desespero e vingança, mas a reacção do mundo livre, independentemente de todas as diferenças religiosas, sociais e políticas, só pode ser a de lamentar e interrogar-se como foi possível aquele criminoso viver há anos naquela espécie de palácio, bem instalado, rodeado de família e de pessoas da sua confiança, nos subúrbios de uma cidade e não escondido como um bicho em grutas de montanhas inacessíveis.

O facto de Obama ter sido o responsável, líder e comandante da operação que conduziu a este desfecho, pessoalmente, foi duplamente consolador.

Por isto, a semana terminou melhor do que a anterior… e isso foi bom.

Bom Domingo para todos.


(Na imagem, ao fundo, o edifício que foi o Quartel de Cavalaria 7 de onde Salgueiro Maia, na madrugada do dia 25 de Abril de 1974, partiu para Lisboa a comandar as tropas que deram um contributo decisivo na vitória da Revolução dos Cravos.)

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