terça-feira, novembro 15, 2011

O Monoteísmo 1ª - Parte


Um deus tirano, feroz e ciumento de quaisquer outros deuses, impôs-se a um povo que há 3.500 anos vivia no deserto e iniciou o Monoteísmo.

Esse deus chamava-se Jeová e o povo era o Judeu.

Gore Vidal, romancista e ensaísta norte-americano que viveu muitos anos em Itália, com vários livros traduzidos em português, escreveu a propósito do Monoteísmo:

«O grande mal indizível no centro da nossa cultura é o monoteísmo. A partir de um texto bárbaro da Idade do Bronze conhecido como Antigo Testamento, evoluíram três religiões anti-humanas – O Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo.


Trata-se de religiões de um deus do céu. São literalmente patriarcais – Deus é o Pai Todo-Poderoso – daí o desprezo pelas mulheres desde há 2.000 anos nos países atormentados por esse deus do céu e pelos seus representantes masculinos na terra.»

A mais velha das três religiões abraâmicas, e nítido antepassado das outras duas, é o Judaísmo: originariamente era o culto tribal de um único Deus ferozmente antipático, doentiamente obcecado por restrições sexuais, pelo cheiro de carne queimada, pela sua própria superioridade em relação aos deuses rivais e pela exclusividade da tribo do deserto que elegeu como sua.

Durante a ocupação romana da Palestina, o Cristianismo foi fundado por Paulo de Tarso enquanto facção do Judaísmo menos implacavelmente monoteísta e também menos fechada que, levantando os olhos do meio dos Judeus os erguia para o resto do mundo.

Vários séculos mais tarde, Maomé e os seus seguidores regressaram ao monoteísmo intransigente da versão originária judaica, embora sem a sua vertente exclusivista.

Fundaram assim o Islamismo com base num novo livro sagrado, o Corão ou Quran ao qual acrescentaram uma poderosa ideologia de conquista militar para a propagação da fé.

Também o Cristianismo se propagou por meio da espada, brandida primeiro pelas mãos dos romanos – depois do Imperador Constantino o ter promovido de culto excêntrico a religião oficial – e posteriormente pelos cruzados e mais tarde os conquistadores espanhóis e outros invasores e colonos europeus com o respectivo acompanhamento missionário.

Não é clara a razão pela qual o Monoteísmo deve ser visto como um progresso óbvio relativamente ao Politeísmo no sentido do seu aperfeiçoamento.

Ibn Warraq, ateu muçulmano, autor de “Why I am Not a Muslim” e “The Origin of the Koran” conjecturava com certa graça que o Monoteísmo está, por sua vez, condenado a subtrair mais um deus e a tornar-se ateísmo.

Especialmente no ramo católico romano do Cristianismo o namoro com o politeísmo é evidente.

À Santíssima Trindade junta-se Maria, «Rainha dos Céus» deusa em tudo menos no nome e seguramente logo atrás de Deus enquanto destinatária de orações.

A seguir vem um autêntico exército de santos cujo poder intercessor os torna, senão semideuses, pelo menos dignos de serem abordados dentro da área da especialização de cada um.

O Fórum da Comunidade Católica oferece solicitamente uma lista de 5.120 santos mais as respectivas áreas de competência, que incluem dores de barriga, vítimas de maus tratos, anorexia, traficantes de armas, ferreiros, ossos partidos, técnicos de bombas e desarranjos intestinais, etc, etc.

Todos estes santos, por sua vez, estão distribuídos por nove ordens: Serafins; Querubins; Tronos; Dominações; Virtudes; Potestades; Principados; Anjos (o mais conhecido dos quais é o nosso “anjo da guarda”) e, finalmente, os Arcanjos que são os comandantes de todos os outros.
(continua)

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