quarta-feira, novembro 16, 2011

TEREZA
BATISTA
CANSADA
DE
GUERRA



Episódio Nº 258




Fartos de saber da existência das pequenas, os celerados puseram banca de indignados pais de família diante da turma da justiça. Ao demais, conforme Vavá tirou a limpo, a Delegacia fora informada previamente da diligência programada pelo magistrado.

Não azeitava as mãos dos secretas a dois por três? Que custava um aviso? Vavá, dê sumiço nas menores que vem aí cara dura. Uma dificuldade para reabrir o bordel. Não mantivesse relações com influentes personagens do Fórum (alguns deles doidos por garotinhas verdes), não fosse Exu todo poderoso, teria acabado sem o negócio e batido com os costados na cadeia, com processo e pena a cumprir.

De outra feita, a pretexto de denúncia falsa, inventada pela própria polícia, drogas estariam sendo vendidas no prostíbulo, rebentaram-lhe a casa toda, fecharam o estabelecimento por mais de uma semana, deram-lhe voz de prisão e o mantiveram detido um dia e uma noite, longe dos seus cómodos. Sair daquela armadilha custara-lhe as economias de cinco anos, guardadas tostão a tostão para compra à vista de um prédio fronteiro, objecto de inventário litigioso.

No entanto, Exu lhe havia prevenido com tempo e insistência contra o tal Altamirando, tira e drogado, hoje felizmente sob sete palmos de terra, com Tiriri não se brinca.

Maldade da polícia, traição de mulheres. Vavá não se apaixona facilmente, mas, quando acontece é de sopetão e ele perde a cabeça, vira criança. Primeiro namora, meloso romance, depois instala a escolhida no quarto, no primeiro andar, retirando-a do trabalho, enchendo-a de presentes e regalias.

Quantas o haviam roubado? Quase todas, corja ruim quengas sem coração. Dormiam com ele já na intenção de afanar o máximo.

Por uma quase se desgraça: Anunciação do Crato, bronzeada, enxuta de carnes, altaneira, riso na boca, ao gosto de Vavá.

Parecendo a bondade em pessoa, um dia, estando ele na cama incapaz de se levantar sem ajuda, anunciara-lhe o embarque de volta ao sertão naquela mesma manhã, daí a pouco, o tempo apenas de recolher o dinheiro guardado na escrivaninha, a féria inteira do dia anterior. Rio-lhe na cara, debochada: de nada adiantaria ele gritar naquela hora matinal quando o bordel dormia, inclusive Mestre Jegue. Do leito, Vavá a viu fuçando na escrivaninha.

Onde encontrou forças e maneira de deslizar cama abaixo e arrastar-se no chão? Como lhe foi possível alcança-la segurá-la no tornozelo com a garra terrível?

Quando Mestre Jegue acudiu, ele a tinha derrubado e apertava-lhe o pescoço. Por milagre não a matou. Quem lhe deu forças?

Ora que pergunta? Não está Exu assentado no peji ante o prato e o copo?

- Quero-lhe falar em particular – Declarou Dalmo Garcia.

Para tomar-lhe dinheiro, pensa Vavá. O detective não consta da sua agência de pagamentos, pois actua no sector de drogas e de drogados Vavá quer distância. Viciado no pó, tratam-no por Dalmo Coca; tudo quanto se passa na zona chega aos ouvidos de Vavá.


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