terça-feira, janeiro 10, 2012

O Jackpot do Euro-Milhões

Não jogo, falta-me a fé, mas hoje deu-me para ali… e como comportamento aberrante fiquei a matutar nele. O factor aliciante do Euro-Milhões é o jackpot, prémios que por não sairem se vão acumulando até atingir, por vezes, mais de uma centena de milhões de euros e cuja probabilidade de me sair é muito menor do que a de ser destruído por um objecto vindo do espaço. Consolo-me, pensando que foi uma forma de contribuir para a acção social da Misericórdia de Lisboa.

É que eu próprio, os meus amigos que seguem o Memórias Futuras em Portugal, Brasil, E.U.A. ou em qualquer outro lado, todos nós, somos um caso evidente de jackpot e esse já ninguém nos tira, ganhámo-lo no momento do nosso nascimento.

Ora vejamos: os nossos pais produziram por dia, no período fértil das suas vidas, entre 300 a 500 milhões de espermatozóides, repito, por dia, e qualquer um deles, combinado com um óvulo de entre umas centenas pertencentes às nossas mães, era um potencial descendente.

Repare-se bem, muitos milhares de milhões de uma pequena célula, cada uma diferente de todas as outras, que eram pertença dos nossos pais, escolhida num processo competitivo, (espécie de corrida de 100 metros) até ao local da fecundação com um dos muitos óvulos das nossas mães que estava disponível nesse dia, determinou o nascimento de cada um de nós numa probabilidade que desafia quase o infinito.

Richard Dawkins, grande especialista do genoma humano - (Premio Nobel em 1973 pelos seus estudos em Etologia e um dos maiores intelectuais do nosso tempo) - afirmou que as pessoas potencialmente permitidas pelo nosso ADN que poderiam estar aqui no nosso lugar mas que na verdade nunca verão a luz do dia, excedem em número os grãos de areia do deserto do Sara… pensem bem, os grãos de areia do deserto!

E não é que cada um de nós tem a sensação que é o filho óbvio dos seus pais? Não é isso que sente qualquer um?

Agora que penso nisto quase que estremeço ao imaginar a multidão de irmãos meus que ficaram por nascer e me “deram” o seu lugar para que eu possa estar aqui a escrever ou a jogar ténis com o meu amigo Carlos.

E, no entanto, as pessoas “choram-se” porque quando jogam nunca lhes sai nada e pensam, pensamos todos, que ter sorte é acertar na “chave” do Euromilhões quando, como já devem ter percebido, sorte é ter nascido, para o bem e para o mal...
(continua)

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