domingo, julho 22, 2012


HOJE É
DOMINGO
(Na minha cidade de Santarém)

Continua a situação de indigência dos países europeus relativamente à Alemanha. Só depois das férias, lá para meados de Setembro, é que os magistrados do Tribunal Constitucional alemão devem dizer de sua justiça sobre os planos de salvação para o euro, incluindo o resgate da banca espanhola. O que eles terão de esclarecer é se a soberania do seu país e a sua lei suprema são postas em causa pelos acordos assinados pela chanceler Ângela Merkel. É evidente, pelo menos muito provável, que até lá os mercados vão fazer gato-sapato das economias italiana e espanhola.

 - Mas alguém sabe, estou a pensar num italiano ou num espanhol, o que vai dentro da cabeça desses senhores magistrados quando estiverem a fazer essa avaliação?

 - Será um raciocínio em sentido estrito, assim como quem confere uma factura ou será com base num pensamento que leva em linha de conta os interesses do conjunto da população europeia, agora e especialmente no futuro?

 - Qual será a ligação desses senhores à história recente do seu país que haveria de causar duas guerras franco-germânicas e mundiais em 1914 e 1939?

 - Nós sabemos que o povo alemão também estará dividido: uns a favor de uma Alemanha europeia na linha de Adenauer, Brandt, Schmidt e kohl, e outra fiel a uma Alemanha germânico-prussiana “que não paga contas e desgovernos a estes preguiçosos do sul da Europa.”

 - Será que essas eminentes cabeças já equacionaram a tragédia alemã que se seguirá ao colapso da Zona Euro quando os países da periferia europeia tiverem de regressar às suas moedas nacionais, a nacionalizar a sua banca e a criar uma economia de guerra com racionamento para alimentarem legiões de desempregados?

 - Onde estarão, então, os mercados e os aliados da Alemanha?

Transcrevendo o que o Prof. Viriato Soromenho escreve:

 - “Para lá do Reno e do Pó só terá rancor e dívidas insolventes. A América de Mitt Romney não saberá localizar Berlim no mapa. A China já não precisará dos carros alemães e a Rússia de Putin estará com uma mão no arsenal nuclear e a outra no botão energético de que a Alemanha depende.”

E voltamos aos senhores magistrados do Tribunal Constitucional alemão:

 - Qual será o sector da população alemã de que eles serão porta-vozes no seu douto Parecer?

Que a União Europeia era uma solução que parecia óbvia face ao passado recente da Europa e às naturais tendências de expansão das economias mundiais, não ofereceu grandes dúvidas à generalidade dos políticos de então.

Porque não correu bem? Porque estamos neste impasse?

Deu-se como adquirido algo que não o estava. O mesmo passado histórico que apontava para a União deveria ter levantado reservas e, acima de tudo, muitos cuidados e precauções.

A Europa não se começou a fazer a partir de europeus mas sim de franceses, alemães, italianos… Os europeus não existiam porque as realidades sociais e políticas não passam a existir pela simples assinatura de documentos, constroem-se no dia a dia, sem reservas mentais, com coragem e inteligência… e com tempo.


Ao contrário de um edifício em que os arquitectos entregam aos engenheiros as plantas para que estes com os operários o construam, neste caso, os arquitectos engenheiros e operários trabalham em simultâneo: a obra é ensaiada, testada, discutida e construída tudo ao mesmo tempo o que causa um grande desnorte. Sabemos o que queremos, não sabemos como lá chegar ou, pelo menos, não estamos de acordo.

A Europa joga a sua oportunidade no mundo. Pulverizada politicamente num mundo globalizado desaparece. Cada um por si é uma aventura e uma incógnita.
(Click na imagem do Mercado Municipal com os seus lindos mosaicos de azulejos retratando cenas da vida rural do antigamente)

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