INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
À ENTREVISTA Nº 55 SOBRE O TEMA:
“JESUS FEMINISTA” (4)
O sangue impuro menstrual
Como um eco desta crença religiosa e deste
mandato bíblico, o sangue menstrual foi durante séculos considerados altamente
nocivo. Na mais profunda ignorância científica, mandava-se evitar o contacto do
marido e da mulher menstruada porque acreditavam que os filhos nascidos dessa
relação seriam doente, leproso e até mesmo possuído pelo demónio. Dizia-se também
que o contacto do sangue menstrual secava as flores, enegrecia o bronze e
interrompia o crescimento dos frutos.
No
século XIII os teólogos cristãos advertiam que era pecado mortal ter sexo com
uma mulher menstruada, porque desta relação nasciam crianças doentes ou
possuídas pelo demónio.
Que uma mulher com o seu período, a sua
"poluição regular," pudesse receber a comunhão durante a missa foi
objecto de discussão teológica, durante a Idade Média. Pior ainda, o sangue da
mulher durante o parto era visto como mais prejudicial do que o sangue da
menstruação. E o Sínodo de Treves (ano 1227) estabeleceu que as mulheres após o
parto deviam "reconciliar-se" com a igreja, uma ordem que combinava
as leis judaicas de ritual de purificação (Maria, a mãe de Jesus cumpriu-as,
ver Lucas 2.22 - 23) com a rejeição dos teólogos cristãos ao prazer implícito
em todas as relações sexuais.
Nesta época, e em muitos casos, a hierarqui a religiosa considerava que as mulheres que
morrem durante o parto não tinham sido "reconciliadas" e, por isso,
não podiam ser enterradas em cemitérios cristãos.
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