quarta-feira, agosto 29, 2012


As Raízes da Religião (Continuação Parte IV)
Richard Dawkins


Selecção de Grupo

Exista também uma teoria para explicar a razão de ser da religião com resultado da Selecção do Grupo.

Uma dada tribo, por exemplo, com um “deus de batalhas” particularmente beligerante, ganha guerras contra tribos rivais cujos deuses exortam à paz e à harmonia. Os guerreiros possuidores de uma crença inabalável em que, se morrerem como mártires, irão directos para o paraíso, lutam com valentia e de bom grado dão a vida.

Assim, as tribos com este tipo de religião têm maior probabilidade de sobreviver à guerra intertribal, de roubar o gado das tribos derrotadas e fazer das mulheres destas suas concubinas.

Estas tribos bem sucedidas proliferam, dando origem a novas tribos que, por sua vez se separam e multiplicam, levando consigo sempre a adoração do mesmo deus tribal.

Eu não sou apoiante da selecção de grupo e as objecções são de vulto. Esta teoria baseada no auto sacrifício individual são sempre vulneráveis à subversão a partir de dentro. Imagine-se um guerreiro egoísta num exército dominado por aspirantes a mártir, ansiosos a morrerem pela tribo e receberem uma recompensa dos céus. Na batalha, esse guerreiro egoísta, vai tentar ficar para trás para sobreviver mas acabará por pertencer ao grupo vitorioso beneficiando do martírio dos camaradas de armas.

No fim, ele teve mais probabilidade de vir a reproduzir-se do que os camaradas mártires corajosos e os seus genes de “recusa de martírio” passam à geração seguinte diminuindo no futuro fazendo abortar a Teoria da Selecção de Grupo.

A constatação é a de que as pessoas egoístas e conflituosas não se unem e sem união nada se consegue e com o passar do tempo essa tribo, a julgar pela História passada, seria por sua vez ultrapassada por outra tribo ainda mais dotada.

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