sexta-feira, dezembro 07, 2012


À Procura de Jesus Escondido na História

Há que distinguir entre o Jesus da Nazaré e Jesus Cristo, ou seja, entre o Jesus histórico, judeu, nascido em Nazaré, na Galileia, já então debaixo do poder do Império Romano, ao qual tinha sido anexado pelo general Pompeu, 63 anos antes de Jesus nascer, e Jesus Cristo encarnado pelo Espírito Santo no seio da Virgem Maria e se fez homem.

Por este mês, milhões de pessoas em todo o mundo vão celebrar, no dia de Natal, o nascimento daquele que teve tanto impacto na vida da humanidade que até a história foi dividida em duas: Antes, e Depois de Cristo. (a.C. e d.C).

Coordenado pelo Padre Anselmo Borges foi agora publicado mais um livro:

 “JESUS CRISTO – Quem Foi e Quem É?”

Este livro, que reúne textos de historiadores e biblistas, entre outros, procura recuperar o Jesus da Nazaré, o homem normal, figura histórica, numa linha de tendência do mundo neste último século.

Ed Parish Sanders, escritor norte-americano, foi considerado, com o seu livro “A Verdadeira História”, um dos mais importantes autores a fazer esta abordagem sobre Jesus.

A Igreja, essa, tem-se preocupado sempre com o Jesus Cristo, filho de Deus, que morreu na cruz para nos salvar. A própria oração do Credo, declaração de fé dos católicos, diz que ele encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, se fez homem, padeceu e por nós foi crucificado.

E, entretanto? – Não cresceu? - Não aprendeu? - Não trabalhou? - O que disse? - Porque é que outros homens o seguiram? - Qual foi a sua relação com Deus? - E com o dinheiro? - E com as mulheres? - E com a política?

Como foi o percurso de Jesus de Nazaré até ao Cristo Messias?

Embora Jesus seja, de longe, a figura histórica mais investigada -  há bibliotecas só com livros onde ele é o tema -  o que nós recebemos, por força da doutrina da igreja católica, foi a tradição de que Jesus é divino e, por isso, esta necessidade de recuperar agora a sua humanidade superando clichés que toldam a visão.

O Memórias Futuras, insistindo nas "Entrevistas Ficcionadas com Jesus na sua segunda vinda à Terra", conduzidas pela jornalista Raquel Perez, que questiona Jesus por temas diferentes em cada entrvista procura, exactamente, o Jesus histórico, o judeu, o homem que viveu e morreu num período muito difícil, numa Palestina ocupada e dominada pelas forças do Império Romano.

Os autores destas entrevistas são os irmãos Lopez Vigil que se tornaram muito conhecidos nos países da América do Sul através de um programa radiofónico denominado: “Um Tal Jesus”.

Ela, Maria Lopez Vigil, é jornalista, escritora, vive em Manágua e o seu sonho era, um dia, entrevistar Jesus.

Ele, José Inácio Lopez Vigil, é comunicador radiofónico, ex- sacerdote Jesuíta e estudante de Teologia Bíblica.

Nessas entrevistas, é desmistificada a versão do Jesus Cristo da doutrina oficial da Igreja, quando, entre muitas outras declarações, Jesus afirma que não queria morrer e que a sua morte não foi nenhuma congeminação para salvar os homens. Apenas mais uma vítima do poder tirânico e cruel das forças que ocuparam e oprimiram o seu povo ou seja, dos Romanos, com a cumplicidade de elementos do topo da estrutura da Igreja do seu tempo da qual foi um severo crítico.

Para os crentes, Jesus não pode ser apenas o herói, o homem bom, que se bateu pela liberdade e pela justiça, tem que ser também santo, filho de Deus, sentado no céu à sua direita.

Para os não crentes, entre os quais me incluo, basta-me, como se isso fosse pouco, ainda para mais considerando que as coisas se passaram há dois mil anos, o homem portador de uma mensagem de amor e de respeito por todos os outros homens, seus irmãos no seio da humanidade, e que, por coerência com as suas ideias, foi sentenciado à morte.

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