Viva o Carnaval |
O PAÍS
DO
CARNAVAL
Episódio Nº 8
Jantaram juntos. Mais do
que isso, dormiram juntos. E Paulo Rigger ficou preso a Julie. Aquela mulher
toda sexo, toda desejo, prendeu-o.
Disse a si mesmo que
queria conhecê-la bem, estudar-lhe a alma. E ficou a viver na alvura dos seus
braços, numa paixão louca.
Empregavam ambos esforços
enormes para darem qualquer coisa nova um ao outro. Esses dois viciados
amavam-se furiosamente. Combinaram que ela iria com ele para a Bahia, onde
viveriam a sua paixão.
- Ama-me? – perguntou-lhe um dia.
- Amo…
- Como a todos os outros, não é?
- Você tem ciúmes, que engraçado…
- Não, ele não tinha ciúmes, mas queria-a só
para si. Que ela não fosse mais de pessoa alguma. Só dele… Inteiramente.
- Só de você… Inteiramente.
Ela botou na vitrola um
disco de que gostava muito. E a vitrola cantou:
… numa casa de caboco,
Um é pouco,
Dois é bão, três é demais…
Explicou-lhe o que qui s dizer aquela música brasileira.
Desconfia de mim?
- Não – desconfio de mim…
Uma noite, quando saiu
para admirar a cidade um barulho ensurdecedor espantou-o. Então notou que as
ruas estavam cheias de povo. Automóveis passavam, carregando moças fantasiadas.
Loucura geral…
Paulo Rigger compreendeu
que era o sábado de Carnaval. Tomou um carro. E começou a rodar atrás de um
auto de moças. Eram as virtuosas filhas de um moralista exaltado.
Rigger jogou na mais
bonita delas um pouco de lança perfume. O seio molhado parecia querer pular
fora da blusa. Ela gargalhou histérica.
Foram dançar, depois. E o
aperto da sala e a dança que os juntava fazia-a desfalecer. Beijou-a muito.
Apalpou-a muito. E notou que todos se beijavam e se apalpavam. Era o Carnaval…
Vitória de todo o
Instinto, reino da Carne…
- Paulo Rigger gritou:
- Viva o Carnaval!
E a sala inteira:
- Viva o Carnaval!
E a virtuosa senhorita
apertou-se mais a ele.
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