terça-feira, janeiro 29, 2013

Viva o Carnaval

O PAÍS
DO
CARNAVAL

Episódio Nº 8

Jantaram juntos. Mais do que isso, dormiram juntos. E Paulo Rigger ficou preso a Julie. Aquela mulher toda sexo, toda desejo, prendeu-o.

Disse a si mesmo que queria conhecê-la bem, estudar-lhe a alma. E ficou a viver na alvura dos seus braços, numa paixão louca.

Empregavam ambos esforços enormes para darem qualquer coisa nova um ao outro. Esses dois viciados amavam-se furiosamente. Combinaram que ela iria com ele para a Bahia, onde viveriam a sua paixão.

 - Ama-me? – perguntou-lhe um dia.

 - Amo…

 - Como a todos os outros, não é?

 - Você tem ciúmes, que engraçado…

 - Não, ele não tinha ciúmes, mas queria-a só para si. Que ela não fosse mais de pessoa alguma. Só dele… Inteiramente.

 - Só de você… Inteiramente.

Ela botou na vitrola um disco de que gostava muito. E a vitrola cantou:

… numa casa de caboco,
Um é pouco,
Dois é bão, três é demais…

Explicou-lhe o que quis dizer aquela música brasileira.

Desconfia de mim?
- Não – desconfio de mim…


Uma noite, quando saiu para admirar a cidade um barulho ensurdecedor espantou-o. Então notou que as ruas estavam cheias de povo. Automóveis passavam, carregando moças fantasiadas. Loucura geral…

Paulo Rigger compreendeu que era o sábado de Carnaval. Tomou um carro. E começou a rodar atrás de um auto de moças. Eram as virtuosas filhas de um moralista exaltado.

Rigger jogou na mais bonita delas um pouco de lança perfume. O seio molhado parecia querer pular fora da blusa. Ela gargalhou histérica.

Foram dançar, depois. E o aperto da sala e a dança que os juntava fazia-a desfalecer. Beijou-a muito. Apalpou-a muito. E notou que todos se beijavam e se apalpavam. Era o Carnaval…

Vitória de todo o Instinto, reino da Carne…

 - Paulo Rigger gritou:

 - Viva o Carnaval!

E a sala inteira:

 - Viva o Carnaval!

E a virtuosa senhorita apertou-se mais a ele.

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