quinta-feira, fevereiro 14, 2013

Reveion do Rio de Janeiro

O PAÍS
DO
CARNAVAL

Episódio Nº 22


 - Hein?

 - Um Jornal?

 - O que é que o Gomes diz?

 - Sim, um jornal diário… O “Estado da Bahia”…

 A grande aspiração deles era possuir um diário. Tomariam conta da Bahia. Ninguém poderia com eles. Ganhariam uma fortuna. E agora Gomes gritava que eles teriam um diário.

Mas Ricardo duvidou:

 - Ora, isso é apenas uma ideia!...

 - Umas ideia que já está se transformando em facto.

 - Explique esse negócio, Gomes – suplicou Lopes.

 - Lá vai. O prefeito de uma dessas cidades do interior quer que nós fundemos um jornal. Jornal dos Municípios… Será uma sociedade anónima. Cada prefeito entra com um tanto. Nós entramos com a pena. Compraremos as máquinas e o jornal defenderá os actuais prefeitos e as suas administrações. Que tal?

Pedro Ticiano seria o director, José Lopes o redactor-chefe. Rigger, Ricardo e Jerónimo comporiam a redacção. Ele, Gomes, director comercial, cavaria os negócios. Nas horas vagas faria reportagens. Uma negociata. De primeira…

 - De facto…

 - Esmagaremos a canalha, esmagaremos a canalha – gozava o Ricardo. A canalha era o apelido que ele dava aos mulatos seus inimigos, que lhe invejavam a “pose de deputado”. Você é um génio, Gomes, quero dizer, esse prefeito é um génio…

Ticiano propôs se bebesse em honra do prefeito.

Ticiano pediu cigarros. Por conta do “Estado da Bahia” explicou.

Saíram a arquitectar planos, sonhadores. Já pensavam em ter a Bahia nas mãos. A princípio trabalhariam sem ambições de lucro. Depois, então…

Talvez enriquecessem. E ficassem conhecidos no País. Publicariam livros. Viveriam, enfim.

José Lopes pensou:

 - Não acredito. Naturalmente, teremos desilusões, aborrecimentos…

Ricardo Braz também achava aquilo pouco para uma vida. “O trabalho não basta. É preciso amor…”

Só o Gomes, satisfeito, ria muito mostrando os maus dentes. O seu vulto alteava-se e ele marchava a passos largos. Estava a caminho da vitória…



Site Meter