DO
CARNAVAL
Episódio Nº 35
- Oh, Dr.
António! Como vai?
- Vou bem. E a senhora, Dª Mercedes?
- Assim, assim…
- E a
senhorita, Dª Ruth, como tem passado?
. Regularmente.
- Quero
apresentar-lhe o meu distinto amigo, o Dr. Ricardo Braz. Formou-se agora na
minha turma. E é poeta, também.
- Oh, não, minhas senhoras! Jornalista, apenas…
Ruth sabia-o. Trabalhava no “Estado da Bahia”, não
era? Pois se ela via Ricardo sempre!
- Onde,
senhorita?
Dª Mercedes, solícita, explicava:
- Nós somos vizinhas
do Dr. Pedro Ticiano…
- Ah! O meu
querido director…
- … e o senhor
sempre vai à casa dele.
- Verdade.
Ticiano tem sido um grande amigo meu.
António Mendes despediu-se. Ricardo ficou. Por
coincidência, ia almoçar com Pedro Ticiano. Levou-as até ao bonde. Subiram. E a
conversa correu mansa, encantando Ricardo. Ruth conhecia o seu livro de versos.
Então a senhorita faz uma triste ideia de mim.
- Não. Ao
contrário. Gosto muito do livro. Mamãe é que não gosta de um dos sonetos.
- Qual?
- Um tal de
“Fria”. É um pouco forte.
- Ah, sim!...
“Fria”… Foram os amigos que fizeram questão de colocá-lo ali…
Ricardo ficou a pensar nos versos. Sempre considerara
Fria o seu melhor soneto. E logo esse desagradara à mãe de Ruth…
Na porta da casa elas disseram que ele “aparecesse
sempre para dar uma prosa”.
- Olhem que eu
sou capaz de abusar do convite…
- O prazer é
todo nosso…
Ricardo entrou em cada de Ticiano, que morava então
numa sala de frente da residência de uma família. Mas Ticiano via-se obrigado a
mudar. Teria que habitar com o filho casado. Pois se já enxergava com
dificuldade… E o corpo todo já lhe doía. Iria morrer em casa do filho… Pelo
menos não morreria entre estranhos…
- Ticiano, vim
almoçar com você.
- Onde come um
comem dois…
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