Crentes ou não, religiosos ou nem por isso, a Igreja
envolve-nos por força de uma herança cultural ou porque, em alguns casos, sentimos a
necessidade, frágeis que somos, a uma “protecção” que ultrapasse este mundo e
atinja as coisas mágicas do sobrenatural.
De qualquer modo é bom sabermos, no que à Igreja cristã diz
respeito, como as coisas se passaram na realidade até porque, o seu inspirador,
Jesus, foi um homem deste mundo, excepcional, coerente e de ideias muito
avançadas para a sua época: um autentico revolucionário que em vez de pegar em
armas pegou em palavras.
QUEM FUNDOU A IGREJA
O Reino de Deus, Não
uma Igreja.
Jesus
não fundou nenhuma igreja, nem sequer utilizou alguma vez a palavra “iglésisa”
(do grego “ekklesia” que significa “assembleia”). Não foi sua intenção
organizar nenhuma instituição ou igreja. Liderar um Movimento colectivo de
homens e mulheres que proclamavam a chegada do reino de Deus: um mundo de
relações justas e equi tativas, onde
os pobres deixassem de ser pobres, um mundo de comunidades que incluíam as
mulheres e cuidavam dos enfermos.
Anos depois da morte de Jesus, foi
Paulo quem transformou o Movimento liderado por Jesus – um Movimento rural e
judeu – numa religião urbana com capacidade para converter-se em universal e
atrair povos muito distintos do povo de Jesus da Nazaré. Por isso, pode
afirmar-se que quem proporcionou a “fundação” da igreja foi Paulo, ao organizar
o Movimento de Jesus com características doutrinais e práticas que permitiram
atrair os “gentios” que habitavam o vasto império Romano.
Comunidades “Cristãs”, “Igreja Católica”
Nos primeiros
tempos, as pequenas comunidades inspiradas no Movimento liderado por Jesus
chamavam-se a si mesmas “Os do Caminho”. Só depois, na igreja de Antioqui a, hoje Síria, se começaram a chamar “cristãos”.
No princípio do Sec. II, também na Antioqui a,
estabeleceram-se os três graus da hierarqui a
dentro das comunidades: bispos, presbíteros (sacerdotes) e diáconos.
Quando o cristianismo se converteu em
religião oficial do império Romano (Séc. IV) a palavra igreja começou a
empregar-se tanto para designar a comunidade dos seguidores de Jesus como os
locais onde se reuniam.
É também por este tempo que se
oficializa o latim como língua oficial da liturgia, da teologia e das nascentes
leis da Igreja. Até então era o grego que predominava nos ritos cristãos, Aida
que, as comunidades de Jerusalém e da Galileia falassem em aramaico, a mesma
língua que falou Jesus. O predomínio do latim foi uma das três ferramentas que
contribuiu para que a igreja de Roma se impusesse às demais igrejas.
A expressão “Igreja Católica” foi
empregue pela primeira vez por Ignácio, bispo de Antioqui a,
no Séc. I, mas não a usou para lhe dar primazia a alguma das igrejas e muito
menos à de Roma. Empregou-a dando-lhe um significado “a totalidade da igreja”
referindo-se a todas as comunidades que já existiam e à unidade de todas elas.
Se Jesus Cristo não
fundou a igreja, quem a fundou?
– O Imperador Constantino no Sec. IV, ano de 325. Fundou-a na sua casa, uma residência em Nicéia, a Leste de Constantinopla, actual cidade de Inzik, na província da Anatólia, nome que se dá à antiga Ásia Menor, hoje Turquia.
Na realidade, Constantino actuou do seguinte modo:
- Depois da morte de Jesus , nasceram algumas comunidades. Jesus tinha dito que o mundo ia acabar brevemente e muitos seguidores seus, os que tinham, venderam tudo e repartiram pelos
pobres e ficaram à espera. Compartilhavam tudo, tinham um só coração e uma só
alma. Era esta a forma como eles entendiam o reino de Deus.
Mas como o Senhor se
atrasava na sua previsão e o mundo não acabava houve que organizar a vida… uma história comprida. A
comunidade de Jerusalém desapareceu quando Roma queimou o Templo mas,
entretanto, o cristianismo ia-se espalhando pelo Império Romano, esse Império que perseguiu os cristãos.
Entretanto, o Império Romano debilitava-se e q
uando Constantino tomou conta do poder, ainda ele não era
cristão, inventou que havia visto no céu o sinal da cruz e que tinha conqui stado o trono graças a Jesus e que, portanto, também ele queria converter-se ao
cristianismo.
Constantino era um camaleão.
Deu-se conta que o poder de Roma se desfazia e que necessitava de uma ideologia
para o manter e, para isso, servia-lhe perfeitamente a religião cristã que
alastrava já por todo o império.
Então, ele fez u
m pacto. Chamou os principais
bispos e disse-lhes:
- Se vocês me obedecerem ninguém vos perseguirá. Declarem
que os assassinos de Jesus foram os judeus e não os romanos e eu declararei o
cristianismo como religião oficial.
Na sua própria conveniência, Constantino alterou a realidade histórica transferindo para os judeus o odioso da morte de Jesus e ao longo dos séculos eles têm carregado essa injustiça pela qual têm sido vítimas, perseguidos até à morte como aconteceu na última Grande Guerra sacrificados pelos nazis.
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