(continuação – Parte III)
Richard Dawkins
Como é que gregos, romanos e vikings
lidavam com estes enigmas politeológicos? Seria Vénus apenas mais um nome para
Afrodite, ou seriam elas duas deusas do amor distintas?
Seriam Thor e o seu martelo uma
manifestação de Wotan, ou um deus distinto? O que importa isso? A vida é
demasiado curta para nos importarmos com distinções entre diferentes ficções da
nossa imaginação.
Uma vez abordado o politeísmo, que
mencionei para me precaver de eventuais acusações de omissão, não vou falar
mais no assunto.
Para ser mais breve, referir-me-ei a
todas as divindades, sejam elas politeístas ou monoteístas, simplesmente como
«Deus».
Eu censuro o sobrenaturalismo em todas
as suas formas, e o modo mais eficaz de prosseguir será concentrando-me na
forma que muito provavelmente é a mais familiar para o meu leitor – aquela que
invade ameaçadoramente todas as nossas sociedades.
A maioria dos meus leitores terá sido
educada numa das três “grandes” religiões monoteístas dos nossos dias, todas
elas com origem no mitológico patriarca Abraão pelo que é conveniente nunca
esquecer esta afinidade de tradições.
Alguma crítica dirá: “O Deus em que Richard Dawkins
não acredita é um Deus em que também eu não acredito: um velho de barbas
brancas que está no céu.”
Esta é uma ideia de diversão para
desviar atenções. Sei que o leitor não acredita num velho barbudo sentado numa
nuvem, pelo que não percamos tempo com isso.
Não vou atacar nenhuma versão concreta
de Deus ou de deuses. Vou atacar Deus, todos os deuses, tudo o que seja
sobrenatural, onde e sempre que tenha sido ou venha a ser inventado.
(continua no Monoteísmo)
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