terça-feira, junho 18, 2013

OPERAÇÃO ENTEBBE


Foi o nome pelo qual ficou conhecida uma espectacular operação militar, levada a cabo pelas Forças de Defesa de Israel, em Julho de 1976, para libertar cerca de 200 pessoas, sequestradas durante um vôo cujo avião fora desviado para o aeroporto de Entebbe, situado nos arredores de Kampala, capital de Uganda - (África) -, governada na época por Idi Amin Dada.

A missão foi originariamente denominada de "Operação Thunderball", depois, foi rebatizada como "Operação Yonatan", em homenagem ao comandante do contigente militar, o tenente-coronel Yonatan Netanyahu (irmão do primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu), único militar israelita morto em combate.
Porém, ficou mundialmente conhecida como "Operação Entebbe" (nome do aeroporto, onde se sucederam os factos) e já foi tema de inúmeros filmes e livros. É considerada por muitos especialistas como a missão de resgate mais complexa e perfeita de todos os tempos.

Essa foi a missão mais famosa da unidade de forças especiais de elite, Sayeret Matkal, cujas actividades consiste em tempos de paz, em desenvolver constantemente tácticas, formação e treino para outras forças especiais anti-terroristas estrangeiras, como o SAS(Reino Unido), GSG 9 (Alemanha), entre outros. Foi a primeira vez que Israel se mostrou ao mundo, no que toca a uma intervenção anti-terrorista, longe da pátria. Dessa forma provou que Israel estava no topo no combate contra o terrorismo, na vertente militar.


O Sequestro

O drama dos reféns começou, no dia 27 de Junho de 1976, com o sequestro de um Airbus A300 da Air France, que fazia a ligação Tel Aviv-Paris, com escala em Atenas (Grécia), levando 258 pessoas a bordo.

Pilotado pelo comandante Michel Bacos, o avião francês decolou do Aeroporto Internacional Ben Gurion às 8h59, chegando em Atenas às 11h30. Desembarcaram 38 passageiros e embarcaram outros 58, entre os quais, os quatro sequestradores. O total a bordo era, então, de 246 pessoas, mais a tripulação. 

Vinte minutos após o meio-dia, o avião já cruza os céus novamente rumo ao seu destino final, Paris. Oito minutos após a descolagem, enquanto as aeromoças preparam-se para servir o almoço, os terroristas assumem o controle do avião. Eram quatro, dois dos quais possuíam passaportes de países árabes, um do Peru com o nome de A. Garcia (na verdade, Wilfried Böse) e uma mulher do Equador de nome Ortega (na verdade, Brigitte Kuhlmann), estes dois últimos, posterioremente identificados como membros de uma das Células Revolucionárias - rede de grupos militantes armados da Alemanha Ocidental, sendo que o mais conhecido desses grupos foi o Baader-Meinhof.

Os quatro terroristas haviam vindo do Kuwait pelo vôo 763 da Singapore Airlines e iam com destino a Bahrein. Entretanto, ao desembarcar em trânsito (na Grécia), os quatro dirigiram-se ao check-in do vôo da Air France.  
As autoridades aeroportuárias em Israel e a estação de controle da Air France percebem que perderam contacto com o vôo AF 139, alguns minutos após a descolagem em Atenas. Os ministros de Transporte e da Defesa, que participam da reunião semanal do gabinete com o primeiro-ministro Yitzhak Rabin, são imediatamente informados. Apesar de não saber ainda o que acontecia a bordo, o sector de Operações das Forças de Defesa de Israel (FDI) prepara-se para um eventual pouso da aeronave em Lod, onde situava-se o Aeroporto Internacional Ben Gurion.

Por volta das 14 horas do dia 27 de junho, o Airbus comunica-se com a torre de controle do aeroporto de Bengazi, na Líbia, solicitando combustível suficiente para mais quatro horas de vôo, além de pedir que o representante local da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) fosse encaminhado ao local.

Na verdade, uma parte dos sequestradores era ligada a uma dissidência da FPLP baseada no Yemene liderada pelo Dr. Wadie Haddad. Às 15 horas, a aeronave aterra em Bengazi e apenas uma mulher é libertada. Ela consegue convencer os terroristas e um médico líbio que está grávida e sob risco de aborto. Na verdade, está indo para o enterro de sua mãe em Manchester, Inglaterra.

Em Israel, terminada a reunião, o primeiro-ministro convoca ao seu gabinete alguns ministros  Shimon Peres, da Defesa; Yigal Allon, das Relações Exteriores; Gad Yaakobi, dos Transportes; e Zamir Zadok, da Justiça.
 Fosse qual fosse o desfecho da história, esses homens teriam que tomar decisões e estavam-se preparando para isso, pois já sabiam que entre os passageiros havia 77 com passaporte israelitas.

Rígida censura é imposta aos meios de comunicação para que não divulguem listas de passageiros e para impedir a veiculação de informações que possam, de alguma maneira, ajudar os sequestradores. Iniciam-se, também, contactos com os familiares dos viajantes. Em Bengazi, o avião permanece seis horas e meia, durante as quais é reabastecido - "por preocupação humanitária do governo líbio para com os passageiros", segundo o coronel Muamar Kadafi, presidente da Líbia.

Às 21 horas e 50 minutos, o Airbus parte de Bengazi, voando à noite em direcção ao sul, sobre o Saara líbio e o Sudão, afastando-se cada vez mais do  Médio Oriente e chegando ao aeroporto de Entebbe, por volta das três da manhã do dia 28 de Junho.
Os reféns foram então conduzidos para o prédio do antigo terminal do aeroporto. Em Israel, as unidades da FDI, em alerta no aeroporto, recebem ordens para retornar às suas bases. O que aconteceria dali em diante não exigiria medidas especiais em território israelita.
(continua)

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