(Parte III)
Richard Dawkins – “A Desilusão de Deus”
Um vigário anglicano, Giles Frazer, que
era também tutor de filosofia na Universidade de Oxford escreveu a propósito da
religião na Inglaterra, no jornal Guardian um artigo que tinha como título «A criação da igreja Anglicana retirou Deus da religião, mas
existem riscos numa abordagem mais enérgica da fé».
Dizia ele nesse artigo:
«Houve tempos em que o vigário
da aldeia era figura obrigatória das “dramatis personae” inglesas. Este afável excêntrico
que bebia chá, tinha os sapatos engraxados e boas maneiras, representava um
tipo de religião que não fazia as pessoas que não eram religiosas sentirem-se
constrangidas.
Não perdia as existenciais
estribeiras nem encostava ninguém à parede para perguntar se estava salvo, e
muito menos era capaz de iniciar cruzadas a partir do púlpito ou de colocar
bombas à beira da estrada em nome de um qualquer poder superior».
O artigo termina com o autor a lamentar
uma tendência mais recente da Igreja Anglicana no sentido de voltar a levar a
religião a sério sendo a última frase um aviso.
- «O que é preocupante é que podemos vir a
libertar o génio do fanatismo religioso inglês da caixinha oficial em que
permaneceu adormecido durante séculos».
O génio do fanatismo religioso campeia
na América actualmente actual de uma forma que deixaria horrorizados os Pais
Fundadores que acreditavam na manutenção do afastamento da religião
relativamente à política.
Thomas Jefferson, um dos Pais Fundador
da América e principal autor da Declaração da Independência, provavelmente,
seria ateu.
Em 1787, ele próprio escrevera ao
sobrinho, Peter Car, o seguinte:
- “ Se se concluir que Deus não existe, encontrarás
incentivos à virtude no consolo e no gosto que irás sentir neste mesmo
exercício, bem como no amor que assim suscitarás nos outros.”
E mais adiante acrescenta:
- “Repele todos os receios de preconceitos servis, sob os
quais as mentes fracas servilmente se agacham. Amarra firme a razão ao seu
assento e submete ao seu tribunal cada facto, cada opinião.
Com arrojo questiona até mesmo
a existência de um Deus, porque se existir, ele há-de mais depressa aprovar a
homenagem da razão do que a do medo vendado.”
James Madisson 4º Presidente dos E.U.A.
(1751- 1836) escreveu:
- “Durante quase 15 séculos, a autoridade oficial do
Cristianismo foi posta à prova. Quais foram os resultados? Por toda a parte e
em maior ou menor grau, orgulho e insolência no clero, ignorância e servilismo
nos leigos. E nuns e noutros, superstição, preconceito e perseguição.”
E podíamos continuar com Benjamin
Franklin que dizia que «os faróis são mais úteis que as
igrejas».
John Adams, 2º Presidente dos E.U.A.
(1735-1826), escreveu sobre o Cristianismo:
-
“Segundo eu percebo, a religião cristã, ela foi e é uma
revelação. Mas como é que milhões de fábulas, contos e lendas se misturaram com
as revelações de origem judaica e cristã, tornando-a a mais sangrenta religião
que alguma vez existiu?”.
E numa outra carta:
- “Quase estremeço, quando penso em aludir ao mais fatal
exemplo de causas de padecimento que a história da humanidade preservou – a
Cruz. Veja-se as calamidades que essa máqui na
de padecimento causou.”
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