Em política, como em tudo na vida, o Bom
não é inimigo do Óptimo. Na actual situação, o óptimo seria um governo de
coligação dos três partidos que assinaram o Acordo de Entendimento com a
troika, reforçados pelo apoio dos parceiros sociais, para adoptar as medidas de
combate à actual situação económica e financeira em que o país se encontra, na
linha do que o Presidente da República pediu no seu discurso.
Isto era o Óptimo: unir esforços, reunir
vontades, cerrar os dentes… segurarmo-nos todos uns aos outros para não cairmos
no abismo.
Alguém tem dúvidas de que seria assim?
Dos cidadãos que ainda têm alguma coisa a
perder, de outros que ainda podem recuperar, e dos restantes que ainda se mantêm
sensatos, certamente.
Mas,
na realidade, não é assim. A convergência de esforços não está na tradição da
nossa sociedade, para isso falta-nos sentido cívico e comunitário, preferimos a
liberdade individual e de grupos para nos confrontarmos e fazermos as loucuras
que nos apeteçam.
Ao preferir a solução óptima o
Presidente estava a pensar mais em si do que no país: a opção pela solução óptima
é sempre defensável… Quem pode condenar um Presidente que “qui s” o melhor para o seu país?
Mas este não é um país em abstracto, é o
país de Cavaco Silva que em 1967 declarou a intenção de querer integrar a
ex-PIDE da ditadura Salazarista, conforme consta da Ficha de Inscrição por si
assinada.
Entre
1980 e 81 foi ministro das Finanças no Governo da AD e 1º Ministro de 1985 e
1995 (10 anos) e Presidente da República de 2005 até hoje.
Por toda esta experiência de Poder ninguém
conhece melhor as classes políticas em Portugal e os respectivos líderes do que
ele e se o podemos acusar de muita coisa não é, certamente, de falta de perspicácia
política que ele sempre colocou ao seu serviço com todo o sucesso… com se vê.
Inviabilizada a solução óptima como, no íntimo,
Cavaco previa, resta-nos a outra, a Boa ou, simplesmente, a que realisticamente
resta no actual quadro parlamentar onde a coligação tem a maioria dos deputados
e, pelo que disse o Chefe de Governo, não se quer demitir.
Nestas condições, depois de tudo o que
disse na primeira parte do seu discurso sobre os inconvenientes das eleições já,
irá o Presidente contradizer-se em meia dúzia de dias, dissolver a Assembleia e
convocar eleições?
Não creio, mas se assim for, seria a
maior originalidade de toda esta situação…
Não sabemos, dadas as medidas gravosas a tomar para
os portugueses relacionadas com a Reforma do Estado e as exigências da troika,
se Passos Coelho e Paulo Portas serão capazes de aguentar a governação mas,
estou convencido, de que o Governo do país continuará a ser deles.
Entretanto, o Presidente da República
sempre poderá dizer, como ele muito gosta: «Eu bem vos avisei»… Hakuna Matata.
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