terça-feira, outubro 29, 2013

Toda a feira da Água dos Meninos briga. Briga por brigar.
JUBIABÁ

Episódio Nº 149

- Deve estar aí com o urso…

Joaquim só tem olhos para Rosenda. Se ela não estivesse amigada com Balduíno bem que ele lhe passaria uma cantata. Ele sabe lá onde anda o Gordo…

- Aquela briga é com o Gordo – diz António Balduíno que se afastou um pouco.

 - Com o Gordo? – Rosenda se espanta.

António Balduíno e Joaquim correm. Rosenda apressa os passos. O Gordo se defendia das pancadas de um sujeito que puxa a corrente do urso. Os homens em torno gritam:

 - Deixa… Deixa ver…

António Balduíno atravessa o grupo, bota a mão no ombro do Gordo:

 - O que é que ele quer?

 - Quer enfiar o charuto no nariz do urso.

 - Só para ver o que ele faz… - ri o homem mostrando o charuto aceso.

O homem tem uma cicatriz no queixo e um bigode ralo em cima do lábio – Ele tem uma cara tão engraçada. Vou botar…

Riem em redor. António Balduíno morde a mão. Joaquim está por detrás do homem que ouve o que lhe dizem dois mulatos.

O homem do charuto resmunga:

 - Que nada… Besteira… Vou botar…

 - Pode botar – diz António Balduíno.

O homem se aproxima do urso. Levanta o charuto. O urso recua. Mas agora o charuto está junto do focinho do bicho e o Gordo vai gritar.

O homem se estende no chão com o soco de Baldo, o boxeur. Os dois mulatos que estavam por detrás do homem avançam para o negro. Mas um deles fica nas mãos de Joaquim e outro recebe na boca do estômago o pé de António Balduíno.

O Gordo quer dar uma pancada no homem do charuto que está se levantando. Mas acerta na cara de um negro que não tem nada que ver com a história e que responde à agressão.

O irmão do negro também entra na briga. Mestre Manuel que vendia abacaxis, aparece, com ele vêm mais três. É António Balduíno que está brigando, então ele briga também. E os três rapazes que o acompanham entram no barulho.

Vários homens entram para desapertar e ficam metidos na briga. Aos poucos todos se vão envolvendo. Chega gente de toda a parte. Um soldado puxa um sabre. Mas de que vale um sabre contra tantas navalhas que brilham?

Um guarda apita inutilmente na rua. António Balduíno soqueia com força um sujeito que ele não sabe quem é, um sujeito que não tinha nada a ver com o negócio, que só entrou para desapertar.

O homem do charuto bate num dos que entraram de seu lado. O Gordo se afastou com o urso e apreciam a cena. Rosenda Rosedá morde os homens que atacam Balduíno, está com o vestido rasgado e tem uma navalha na mão que tirou da meia.


Toda a feira da Água dos Meninos briga. Briga por brigar, sem saber a causa, pelo prazer físico de atracar com outro, e de rolar na areia trocando socos.

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