para Todos
David Sloan Wilson
(continuação)
A diferença entre o pensamento oral e
alfabetizado é maravilhosamente captado no romance No Longer at Ease, de Chinua
Achebe, cuja acção decorre na Nigéria na década de 60.
O protagonista, Obi okonkwo, é um jovem
que foi enviado para Inglaterra pela sua aldeia para receber uma educação
moderna, a fim de poder regressar e obter um posto elevado na administração
nigeriana.
Ele fez a transição para o pensamento
alfabetizado e, cheio de orgulho, considera-se nigeriano e não um filho de
Umuofia, a sua aldeia.
Mas os membros dessa mesma aldeia, que
tanto se sacrificaram para lhe dar essa instrução, ainda o consideram um dos
seus.
O conflito e o final trágico constituem
a base do livro, mas o diálogo dos aldeões também ilustra o modo como os
membros das sociedades orais pensam e falam uns com os outros em termos de
provérbios.
No passo que se segue, Obi ( que é neto
de Ogbuefi Okonkwo, o protagonista do romance mais conhecido de Achebe, está de
visita à sua aldeia pela primeira vez desde que regressou de Inglaterra:
Quatro anos em Inglaterra haviam deixado
Obi cheio de saudades de Umuofia. Este sentimento era por vezes tão intenso que
se sentia envergonhado de estudar inglês para tirar o curso.
Falava ibo sempre que tinha a menor
oportunidade de o fazer. Nada lhe dava maior prazer do que encontrar num
autocarro de Londres outro estudante que falasse a sua língua.
No entanto, baixava a voz quando tinha
de falar inglês com um estudante nigeriano de outra tribo. Era humilhante ter
de falar com um compatriota numa língua estrangeira, especialmente na presença
dos orgulhosos proprietário dessa língua.
Como era natural, estes imaginavam que
ninguém tinha uma língua própria. Como gostava que eles estivessem ali para
ver. Naquele momento, haviam de estar em Umuofia a ouvir falar os homens que
tornavam a conversa uma grande arte.
Se ali fossem, veriam homens, mulheres e
crianças que sabiam como viver, cuja alegria de vida ainda não tinha sido aniqui lada por aqueles que pretendiam ensinar outras
nações a viver.
(continua)
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