sexta-feira, dezembro 06, 2013

Evolução para Todos
David Slown Wilson
(continuação)







Os povos de todo o mundo que se dedicam à pastorícia têm um conjunto de problemas comuns. Ao contrário do campo de um agricultor, a sua propriedade é móvel e pode ser roubada com facilidade.

Têm também tendência a viverem em zonas escassamente povoadas, difíceis de governar por uma entidade central. A única solução para estes problemas é a auto defesa que conduz a uma “cultura da honra” que os antropólogos documentaram para povos historicamente tão diferentes como os Nuer ( ½ milhão de pessoas que vivem nas regiões centro – meridionais do Sudão. São de estatura alta, pés e mãos enormes e cabeça achatada) e os Dinkas (4,5 milhões vivendo no Sul do Sudão. São os mais altos do mundo, 1,90 para os homens e 1,80 para as mulheres. Mabut Bol, com os seus 2,31 foi o jogador mais alto da NBA. São povos muito antigos, 3000 A.C.)  em África, os pastores gregos, os Navahos, do Sudoeste americano e os Celtas na Europa, a quem os Romanos respeitavam pela ferocidade, mas desprezavam pela falta de organização.

Estes povos são semelhantes uns aos outros, não por estarem historicamente relacionados, mas porque a evolução cultural os fez convergir no sentido de uma solução comum para um conjunto de problemas conjuntos.

Numa “cultura da honra” usar a violência para defender a reputação é, não só moralmente aceitável, mas até imperativo.

O jornalista Hodding Cárter recorda-se de ter feito parte de um júri no Luisiana na década de 30.

O caso envolveu um homem que vivia ao lado de uma bomba de gasolina, onde costumavam estar uns sujeitos que implicavam com ele. Um dia abriu fogo contra eles com uma espingarda, feriu dois e matou uma pessoa inocente que estava por ali perto.

Cárter foi o único membro do júri a propor o veredicto de culpado. Os outros protestaram.

 - «Ele não teve culpa. Se não tivesse alvejado aqueles sujeitos não era homem não era nada.»

Quanto às crianças, a “cultura da honra” é o único mundo que conhecem.

Chris Boehm que passou o início da sua carreira a estudar os pastores do Montenegro, uma cultura que pratica a defesa da honra, falou-me de uma reunião de família ao anoitecer em que deram a um rapazinho, que mal sabia andar, um atiçador  de lareira e o provocaram até ele atacar os adultos enraivecido, perante o gáudio e os incitamentos de todos.


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