sexta-feira, abril 18, 2014

A Páscoa











Nasci neste Portugal de pessoas católicas ou simplesmente ditas católicas e é tal a força da tradição milenar religiosa que todos, crentes ou não, estamos marcados por um passado cultural que começou no dia em que nascemos.

Era assim na minha geração, agora é menos.

As comemorações religiosas da morte e ressurreição de Jesus, o inspirador da religião católica a partir da mensagem que ele difundiu entre o seu povo, durante o seu breve período de vida e que chegou até nós através de escritos em datas posteriores á sua morte - os evangelhos - uns oficiais, quer dizer reconhecidos como bons pela autoridade da Igreja de Roma, e de outros por ela considerados falsos, não autênticos, não fiéis à “verdade” não histórica mas religiosa.

Esta “passagem” da vida de Jesus: morte e ressurreição constitui a “chave” da religião católica que transforma a mensagem de Jesus aos homens deste mundo, seus contemporâneos, numa profissão de fé com a força de uma religião porque implica este mundo e o outro.

O seu autor não podia ser um simples mortal apenas portador de uma mensagem de justiça, amor e de igualdade entre os homens… ele tinha que ressuscitar, subir aos céus e sentar-se à direita de Deus Pai Todo Poderoso…

Assim, sim, ganhou transcendência.

Com o poder que lhe advém de estar onde está ganhou a capacidade de ser adorado… Como homem que foi apenas seria respeitado, admirado, mais uma figura histórica possivelmente até já esquecida.

Terá sido um golpe de génio dos seus seguidores não completamente original porque, naqueles povos, já outros teriam sido imortalizados para que a sua herança reganhasse força, seguidores e adeptos.

As recreações da morte de Jesus, como forma de a comemorar, são sinistras, mórbidas, trágicas, quer se passem nas ruas do mundo católico ou nas telas do cinema.

O sacrifício, sofrimento, crueldade e sangue, sempre foram espectáculo para o homem que foge da sua própria dor mas goza com a dor do seu próximo… mesmo que seja o seu vizinho.

Foi assim com a morte dos cristão nos circos romanos, continuou a ser assim, mais tarde, com as Praças cheias de gente para verem queimar pessoas nos tempos da Inquisição e continua hoje nas recriações feitas um pouco por todo o mundo católico.

A exaltação da dor que purifica faz parte de um esquema que se aproveita dos “podres” da natureza humana para afirmar a força da fé, da dependência e obediência a um deus que tem de amedrontar para se impor mesmo quando a sua mensagem foi de paz, amor e não violência.

Lembrem-se do que dizia a comediante americana Cathy Ladman:

- “todas as religiões são iguais porque, basicamente, não passam de um sentimento de culpa e medo com feriados diferentes...”

Como membro da sociedade em que vivo, e ao contrário do Natal, não gosto da Páscoa mas ela não foi concebida para ser gostada mas sim, para infundir respeito, veneração, medo... 

Não tem a ver com a paz, o amor entre os homens, a família, como o Natal, mas apenas com o natural mas violento, fim de uma vida transformada em mistério para um ajuste de contas lá no outro mundo como grande argumento para se ir mandando neste...

A grande trapaça não cabia neste mundo... foi preciso outro!

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