quarta-feira, abril 09, 2014

A VIDA SEXUAL

DOS PAPAS














São mais de 300 páginas com centenas de histórias pouco santas sobre a vida sexual dos Papas da Igreja Católica. O livro do jornalista peruano Eric Frattini, chegado às livrarias portuguesas e editado pela Bertrand, percorre, ao longo dos séculos, a intimidade secreta de papas e antipapas, mas não pretende causar "escândalo". Apenas "promover uma reflexão sobre a necessária reforma da Igreja ao longo dos tempos".

O escritor admite, aliás, que alguns dos relatos possam ter sido inventados, nas diferentes épocas, por inimigos políticos dos sumos pontífices. Lendas ou verdades consumadas, no livro "Os Papas e o sexo" há de tudo. Desde Papas violadores e zoofílicos a Papas homossexuais e fetichistas, além de Santos Padres incestuosos, pedófilos ou sádicos, passando por Papas filhos de Papas e Papas filhos de padres.

Alguns morreram assassinados pelos maridos das amantes em pleno acto sexual. Outros foram depostos do cargo, julgados pelas suas bizarrias sexuais e banidos da história da Igreja. Outros morreram com sífilis, como o Papa Júlio II, eleito em 1503, que ficou na história por ter inventado o primeiro bordel gay de que há memória.

Bonifácio IX deixou 34 filhos, a que chamava, carinhosamente, de "adoráveis sobrinhos". Martinho V encomendava contos eróticos, que gostava de ler no recolhimento do seu quarto.

Paulo II era homossexual e Listo IV, que cometeu incesto com os sobrinhos, bissexual. Inocêncio VIII reconheceu todos os filhos que fez e levou-os para a Santa Sé. Um deles tornou-se violador. João XI (931-936) cometeu incesto com a própria mãe, violava fiéis e organizava orgias com rapazes.

Sérgio III teve o infortúnio de se apaixonar por mãe e filha e não esteve com meias medidas: rendeu-se à prática da ménage à trois. Bento V só esteve no Governo da Igreja 29 dias, por ter desonrado uma rapariga de 14 anos durante a confissão. Depois de ser considerado culpado, fugiu e levou boa parte do tesouro papal consigo.

João XIII era servido por um batalhão de virgens, desonrou a concubina do pai e uma sobrinha e comia em pratos de ouro enquanto assistia a danças de bailarinas orientais. Os bailes acabaram quando foi assassinado pelo marido de uma amante em pleno acto sexual. Silvestre II fez um pacto com o diabo. Era ateu convicto e praticava magia. Acabou envenenado.

Dâmaso I, que a Igreja canonizou, promovia homens no ciclo eclesiástico, sendo a moeda de troca poder dormir com as respectivas mulheres. Já o Papa Anastácio, que tinha escravas, teve um filho com uma nobre romana, que se viria a tornar no Papa Inocêncio I (famoso pelo seu séquito de raparigas jovens). Pai e filho acabaram canonizados.

Leão I era convidado para as orgias do Imperador, mas sempre se defendeu, dizendo que ficava só a assistir. Mesmo assim, engravidou uma rapariga de 14 anos, que mandou encerrar num convento para o resto da vida. Bento VIII morreu com sífilis e Bento IX era zoófilo. Urbano II criou uma lei que permitia aos padres terem amantes, desde que pagassem um imposto.

Alexandre III fazia sexo com as fiéis a troco de perdões e deixou 62 filhos. Foi expulso, mas a Igreja teve de lhe conceder uma pensão vitalícia, para poder sustentar a criançada.

Gregório I gostava de punir as mulheres pecadoras, despindo-as e dando-lhes açoites. Bonifácio VI rezava missas privadas só para mulheres e João XI violou, durante quatro dias, uma mãe e duas filhas. Ao mesmo tempo.


1. João Paulo II

Acusado de ter uma filha secreta
Em 1995, o norte-americano Leon Hayblum escrevia um livro polémico, em que dizia ser pai da neta de João Paulo II. Durante a oupação nazi da Polónia, Wojtyla terá casado, secretamente, com uma  judia. Do enlace nasceu uma rapariga, que o próprio pai entregou, com seis semanas, a um convento local. No seu pontificado especulou-se muito sobre as namoradas que teve antes do sacerdócio. O Papa admitiu algumas, mas garantiu nunca ter tido sexo. No Vaticano, fazia-se acompanhar por uma filósofa norte-americana, Anna Teresa Tymieniecka, com quem escreveu a sua maior obra filósofica. Acabaram zangados, supostamente por ciúmes.

2. Paulo VI

Homossexual?
Assim que chegou ao Vaticano, Paulo VI mostrou-se muito conservador em relação às matérias ligadas à sexualidade. Em 1976, indignado com as declarações homofóbicas de Paulo VI, um historiador e diplomata francês, Roger Peyrefitte, contou ao mundo que, afinal, o Papa era homossexual e manteve uma relação com um actor conhecido. O escândalo foi tremendo: Paulo VI negou tudo e o Vaticano chegou a pedir orações ao fiéis do mundo inteiro pelas injúrias proferidas contra o Papa. Paulo VI morreu em 1978, aos 81 anos, depois de 15 pontificado, vítima de um edema pulmonar causado, em boa parte parte, pelos dois maços de cigarros que fumava por dia.

3. Inocêncio X

Amante da cunhada
Eleito no conclave de 1644, Inocêncio X manteve uma relação com Olímpia Maidalchini, viúva do seu irmão mais velho - facto que lhe rendeu o escárnio das cortes da Europa. Inocêncio X não era, aliás, grande defensor do celibato. Olímpia exercia grande influência na Santa Sé e chegou a assinar decretos papais. A dada altura, o Papa apaixonou-se por outra nobre, Cornélia, o que enfureceu Olímpia. Mesmo assim, foi a cunhada quem lhe valeu na hora da morte e quem assegurou o funcionamento do Vaticano quando Inocêncio estava moribundo. Quando morreu, em 1655, Olímpia levou tudo o que pôde da Santa Sé para o seu palácio em Roma, com medo de que o novo Papa não a deixasse ficar com nada.

4. Leão X

Morreu de sífilis
Foi de maca para a própria coroação, por causa dos seus excessos sexuais. Depois de Júlio II ter morrido de sífilis, em 1513 chega a Papa Leão X, que gostava de organizar bailes, onde os convidados eram somente cardeais e onde jovens de ambos os sexos apareciam com a cara coberta e o corpo despido. O Papa gostava de rapazes novos, às vezes vestia-se de mulher e adorava álcool. "Quando foi eleito tinha dificuldade em sentar-se no trono, devido às graves úlceras anais de que sofria, após longos anos de sodomia", escreve Frattini. Estes e outros excessos levaram Lutero a afixar as suas 95 teses - que lhe garantiram a excomunhão em 1521. Leão X morreu com sífilis aos 46 anos.

5. Alexandre VI

O Insaciável.
Gostava de orgias e obrigou um jovem de 15 anos a ter sexo com ele sete vezes no espaço de uma hora, até o rapaz morrer de cansaço. Teve vários filhos, que nomeou cardeais. Assim que chegou ao Papado, em 1431, trocou a amante por uma mais nova, Giulia. Ela tinha 15 anos, ele 58. Foi Alexandre VI quem criou a célebre "Competição das Rameiras". No concurso, o Papa oferecia um prémio em moedas de ouro ao participante que conseguisse ter o maior número de relações sexuais com prostitutas numa só noite. Depois de morrer, o Vaticano ordenou que o nome de Alexandre VI fosse banido da história da Igreja e os seus aposentos no Vaticano foram selados até meados do século XIX.

6. Grgório XII

Violou irmãs e 300 freiras
Não aparece na lista oficial de Papas e acabou preso em 1415. O antipapa conseguia dinheiro a recomendar virgens de famílias abastadas a conventos importantes. Mas violava-as antes de irem. Tinha um séquito de 200 mulheres, muitas delas freiras. Criou um imposto especial para as prostitutas de Bolonha. Tinha sexo com duas das suas irmãs. Defendia-se, dizendo que não as penetrava na vagina e que por isso não cometia nenhum pecado. Foi julgado, acusado de 70 crimes de pirataria, assassinato, violação, sodomia e incesto. Entre outros factos, o tribunal deu como provado que o Papa teve sexo com 300 freiras e violou três das suas irmãs. Foi deposto do cargo e preso. Voltou ao Vaticano, anos mais tarde, como cardeal.

7. Bento IX

Sodomizava animais
Chegou a Papa em 1032 com 11 anos. Bissexual, sodomizava animais e foi acusado de feitiçaria, satanismo e violações. Invocava espíritos malignos e sacrificava virgens. Tinha um harém e praticava sexo com a irmã de 15 anos. Gostava, aliás, de a ver na cama com outros homens. "Gostava de a observar quando praticava sexo com até nove companheiros, enquanto abençoava a união", escreve Eric Frattini. Convidava nobres, soldados e vagabundos para orgias. Dante Alighieri considerou que o pontificado de Bento IX foi a época em que o papado atingiu o nível mais baixo de degradação. Bento IX cansou-se de tanta missa e renunciou ao cargo para casar com uma prima - que o abandonaria mais tarde.

8. Clemente VI

Comprou um bordel.
Em 1342, com Clemente VI chega também à Igreja Joana de Nápoles, a sua amante favorita. O Papa comprou um "bordel respeitável" só para os membros da cúria - um negócio, segundo os documentos da época, feito "por bem de Nosso Senhor Jesus Cristo". Tornou-se proxeneta das prostitutas de Avinhão (a quem cobrava um imposto especial) e teve a ideia de conceder, duas vezes por semana, audiências exclusivamente a mulheres. Recebia as amantes numa sala a poucos metros dos espaços em que os verdugos da Inquisição faziam o seu trabalho. No seu funeral, em Avinhão, foi distribuído um panfleto em que o diabo em pessoa agradecia ao Papa Clemente VI porque, com o seu mau exemplo, "povoara o inferno de almas".

9. Xisto III

Violou freira e foi canonizado.
Obcecado por mulheres mais novas, foi acusado de violar uma freira numa visita a um convento próximo de Roma. Enquanto orava na capela, o Papa, eleito em 432, pediu assistência a duas noviças. Violou uma, mas a segunda escapou e denunciou-o. Em tribunal, Xisto III defendeu-se, recordando a história bíblica da mulher que foi apanhada em adultério. Perante isso, os altos membros eclesiásticos reunidos para condenar o Papa-violador não se atreveram a "atirar a primeira pedra" e o assunto foi encerrado. Xisto III foi, aliás, canonizado depois de morrer. Seguiu-se-lhe Leão I, que também gostava de mulheres mais novas e que mandou encarcerar uma rapariga de 14 anos num convento, depois de a engravidar.

10. João XII

Morto pelo marido da amante.
Nos conventos rezava-se para que morresse. João XII era bissexual e obrigava jovens a ter sexo à frente de toda a gente. Gozava ao ver cães e burros atacar jovens prostitutas. Organizou um bordel e cometeu incesto com a meia-irmã de 14 anos. Raptava peregrinas no caminho para lugares sagrados e ordenou um bispo num estábulo. Quando um cardeal o recriminou, mandou-o castrar. Um grupo de prelados italianos, alemães e franceses julgaram-no por sodomia com a própria mãe e por ter um pacto com o diabo para ser seu representante na Terra. Foi considerado culpado de incesto e adultério e deposto do cargo, em 964. Foi assassinado - esfaqueado e à martelada - em pleno acto sexual pelo marido de uma das suas várias amantes.


NOTA -  Jornalista, romancista, ensaísta, professor universitário e em academias de Polícia e analista político, o peruano Eric Frattini lançou, este semana, em Portugal, o seu mais recente livro.

O Labirinto de Água conta a história de uma jovem arqueóloga a quem a avó moribunda revela a existência de um manuscrito antigo guardado na caixa-forte de um banco americano. Enquanto parte em busca do conteúdo desse documento, os serviços secretos do Vaticano tentam, a todo o custo, evitar que ela torne pública a mensagem contida no manuscrito. Ponto de partida para uma conversa sobre Deus, Jesus Cristo, Vaticano e a Igreja Católica.

Começo por perguntar: é católico?

- Era. Tenho 46 anos e tive uma educação católica, mas há 10 anos que deixei de o ser.

Porquê?

- Vi demasiadas coisas. Vivi 17 guerras como jornalista e, em alguns momentos, perguntei-me se Deus estava de férias. Por isso, deixei de ser crente.

É também por isso que se dedica tanto a investigar o Vaticano?

 - Eu escrevo sobretudo sobre a história e a política do Vaticano. É importante sabermos diferenciar o Papa enquanto cabeça da Igreja Católica e o Papa enquanto chefe de um Estado muito poderoso, que é o Estado do Vaticano. E isto não é entendido pela maioria das pessoas.

- Quais são as suas principais preocupações relativamente ao Vaticano?

Quando estava a preparar o livro A Santa Aliança - Cinco Séculos de Espionagem no Vaticano, um alto membro da Cúria Romana disse-me que, para a Igreja Católica, tudo o que não é sagrado é secreto. E, de facto, têm mantido em segredo questões muito importantes para a História. Estão classificados, por exemplo, todos os documentos referentes à actuação do Vaticano durante a Segunda Guerra Mundial (um assunto tabu) e estes nunca serão desclassificados. Foi necessário esperar por João Paulo II para termos acesso ao processo de Galileu ou ao dos Templários, que contém documentos interessantes para muitos investigadores.

Porquê todo este secretismo?

 - Creio que o Vaticano e a Igreja Católica sobreviveram estes dois mil anos principalmente porque souberam defender muito bem os seus segredos. É preciso não esquecer que a Igreja sobreviveu a revoluções, a cismas, ao comunismo, ao capitalismo, ao protestantismo, ao luteranismo, sobreviveu a tudo. Isto porque tem tido sempre aquilo a que chamo uma "política de avestruz": coloca a cabeça debaixo da terra e espera que passem os leões e que não levem o resto do corpo. É assim que tem sobrevivido.

Começa O Labirinto de Água com a história do Evangelho de Judas Iscariotes.

 - Sim, é um documento que foi descoberto nos anos 70. Este livro está dividido em três partes: a da realidade, a da ficção e a da parte real que eu ficciono. O leitor deve entender O Labirinto de Água como um livro de ficção. A novela começa com a Última Ceia, antes da qual Jesus Cristo fala a sós com Judas Iscariotes e lhe revela algo. Imediatamente a seguir, acontece a famosa traição. A cena seguinte passa-se 60 anos mais tarde, quando Judas vive já em Alexandria e está às portas da morte, e tem como ajudante um dos seus discípulos, Eliezer, a quem conta o que Jesus lhe tinha contado antes da Última Ceia. Este escriba escreve depois uma carta, a "Carta de Eliezer" (que é ficção), escrita em aramaico siríaco, e que é traduzida por uma das personagens.

Consultou o Evangelho de Judas?

 - Sim. O documento está numa fundação, em Genebra, e toda a restauração foi financiada pela National Geographic, juntamente com uma fundação suíça. Os trabalhos já terminaram e imagino que brevemente será exposto no Egipto, no Museu Copta.


Vamos ver. Ainda são poucos os católicos que sabem da sua existência. No ano 180, Irineu de Leão, um dos grandes homens da religião, foi quem decidiu que livros sagrados iriam integrar a Bíblia e quais o que seriam considerados hereges, nos quais estava incluído o Evangelho de Judas. Mas, graças a Deus, muito chegaram aos nossos dias, como o Evangelho de Maria ou o Evangelho Secreto de Marcos, que fala da possível homossexualidade de Cristo. Até entendo porque são considerados hereges, pois a mentalidade de um cristão do século II não é a mesma de um cristão do século XXI. Uma das maiores críticas que faço à Igreja Católica é a de como é possível, em 19 séculos, nunca ninguém ter proposto a revisão dos textos, quando existe no Vaticano a Congregação dos Textos Sagrados.

Por que é que a Igreja não aceita a homossexualidade ou o preservativo?

 - Porque são temas tabu. Depois de ter sido escolhido para Papa, o primeiro documento que Bento XVI assinou, que é secreto e é dirigido ao clero, tem mais ou menos este título: "Ordem dos seminários para o futuro ingresso de membros da Igreja para evitar que possam aceder à Igreja os sacerdotes que são claramente homossexuais ou com ideologia gay". Estamos a falar do ano 2006.

Qual a sua opinião sobre os casos de abuso sexual praticados por membros da Igreja?

 - Sou muito crítico em relação à posição que a Igreja Católica adoptou sobre os casos de abuso sexual de crianças. O primeiro Papa que dá início à conspiração de silêncio é João XXIII, que escreveu um documento de 32 páginas, através do qual dá instruções aos altos membros da Cúria de como esconderem todos os casos de abuso sexual sobre crianças ou seminaristas, nos seminários ou nas paróquias, cujos autores devem ser tratados como pecadores e não como delinquentes.

Algumas pessoas dizem que tudo não passa de uma campanha contra Bento XVI.

 - Não creio que seja isso. Graças a Deus, agora temos meios de comunicação livres e temos a Internet.



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