António Costa |
Acomodação
Nos partidos políticos, os “aparelhos” são o conjunto de militantes, na maioria da confiança do líder, que preenchem os mais variados cargos na estrutura do partido e os candidatos directos aos lugares do poder se o “chefe” vier a ser eleito 1º Ministro.
Muitos deles “saltarão” para Ministros e
Secretários de Estado e outros lugares importantes da estrutura do Estado e das
Empresas Públicas.
Digamos que foi sempre assim e não fazia sentido ser de outra maneira e Seguro tem, neste aspecto, uma enorme vantagem
porque é uma pessoa simpática, afável e atenciosa e tem feito desta característica
ao longo dos anos no partido um instrumento de captação entre os camaradas.
Fosse o Partido Socialista um Clube de
Amigos e a sua presidência era assunto arrumado e não se discutia mais.
António José Seguro está instalado no
partido rodeado de amigos que cultivou ao longo dos anos com a sua simpatia,
sorriso e afabilidade e isto num país em que as pessoas são mais sensíveis a
aspectos emocionais e sentimentais do que a racionais e críticos.
Sem dúvida que António José Seguro, que
vem da escola de Guterres, bate largamente António Costa, que vem da escola de
Jorge Sampaio, o primeiro católico fervoroso e o segundo distante das religiões, no que se refere a apoios na estrutura do partido.
Basta, de resto, olhar para as Federações Distritais que são decisivas neste
tipo de contendas. Seguro tem consigo 12 líderes
federativos enquanto Costa tem 3 e os restantes 6 não se definiram.
Sendo assim, António Costa, levando para a
frente a sua decisão de disputar o lugar de Secretário – Geral a Seguro poderá estar a “incomodar-se”
para nada... mas eu acho que ele faz bem.
A vida política não deve ser feita de
acomodação e ele é, sem dúvida, a alternativa mais credível a António José Seguro
o que lhe confere especiais responsabilidades.
A sua iniciativa, neste momento, se fragiliza o partido, por um lado, por outro, constitui um factor de esperança para as próximas eleições legislativas.
De momento, o que resta é o povo
socialista em que eu me incluo, completamente à margem dos interesses e que
ficou decepcionado com a vitória “pífia” das últimas eleições e, pior ainda,
com as sondagens para as próximas legislativas que dão um empate técnico que nem
sequer chega a vitória “pífia”.
Nas legislativas de 2015 ver-se-á qual o
resultado do PS de Seguro, e se as coisas não correrem bem, se ele continuar a
demonstrar esta dificuldade em captar os votantes da área democrática do centro
político do país (galinha que não voa no dizer de Mário Soares), manter-se-á a disponibilidade de António Costa ou perder-se-á
mais um político brilhante para a governação do país como se perderam Jaime Gama ou António Vitorino na
voragem dos aparelhos partidários?
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