Purgatório |
A mentalidade
teológica
... e a Invenção do Purgatório
A Invenção do Purgatório - A palavra “purgatório” significa lugar de limpeza e foi proclamado no Concílio de Lyon em 1272:
- “Aqueles
que morrem na caridade de Deus com verdadeiro arrependimento dos seus pecados,
antes de cumprirem os frutos da penitência, são purificados depois da morte com
penas purgatórias”.
Esta
doutrina do “purgatório” revela bem como funciona a mente teológica. O
“purgatório” era uma espécie de ilha de Nova York para os milhares e milhares
de emigrantes que afluíam aos EUA, no século XIX e meados do XX, mas de
natureza divina.
Uma
ante-câmara para aquelas almas cujos pecados não são suficientemente maus para
merecerem logo o inferno precisando ainda de uma reciclagem, uma purificação,
antes de poderem entrar na zona livre de pecados que é o céu.
A Venda das
Indulgências – Se há alguma
instituição à qual se pode atribuir, com propriedade, a expressão de “dinheiro
mal ganho” foi a Igreja católica com o dinheiro das indulgências. Elas terão
mesmo constituído um dos maiores contos-do-vigário de toda a história que
deixará a roer de inveja os trapaceiros da Iurd.
Em 1903 o
Papa Pio X, ainda tinha uma tabela para calcular o número de dias de remissão
do purgatório que cada membro da hierarqui a
tinha competência para conceder: 200 dias para os Cardeais; 100 dias para os
arcebispos e 50 dias para os Bispos.
Mas as
indulgências também podiam ser pagas com orações rezadas por outras pessoas,
após a morte, em intenção ao defunto. Claro que essas orações eram pagas em
dinheiro e quem fosse muito rico podia garantir o futuro da sua alma por todo o
sempre.
A Luta com
Lutero – Em 1517, o frade dominicano alemão, Johann Tetzel ,
percorre a Alemanha a promover a venda das indulgências que eram documentos
selados pelo Papa para, com esse dinheiro financiar a construção da Basílica de São Pedro, à data, um templo como muitos outros.
Quando
Tetzel chegou a Wittenberg, cidade de Lutero, este cravou na porta da Igreja um
documento com 95 razões a provar a falsidade da doutrina do purgatório e,
naturalmente, recusando o poder das indulgências. A partir desse momento de
justa revolta estava iniciada na Alemanha a Reforma Protestante.
Uma dessas
95 razões dizia o seguinte:
- “Por que
é que o Papa, cuja fortuna é superior a qualquer outra das maiores fortunas,
não constrói uma Basílica de São Pedro com o seu próprio dinheiro em vez de o
fazer com o dinheiro dos próprios crentes?”
O Papa
emitiu uma bula condenando Lutero por “cometer erros heréticos, escandalosos e
ofensivos aos ouvidos piedosos…” e que aqui lo
“era obra de um bêbado alemão que quando estivesse sóbrio mudaria de opinião”.
Lutero
queimou em Wittenberg a bula Papal e, de seguida, o Papa excomungou-o.
As Provas
da Existência do Purgatório – O que verdadeiramente fascina na
doutrina do purgatório são as “provas” com que os teólogos as fundamentam:
provas tão espectacularmente débeis que tornam ainda mais cómico o arrojo
ligeiro com que são afirmadas.
Na
Enciclopédia Católica, a entrada referente ao purgatório tem uma secção chamada
“provas”.
A evidência principal para a existência do purgatório é a seguinte:
-
Se os mortos fossem directamente para o céu ou para o inferno com base nos
pecados que cometeram na Terra, não fazia sentido rezar por eles… por que rezar
pelos mortos senão houver uma crença no poder da oração para proporcionar refrigério àqueles que estavam excluídos dos olhos de Deus… e nós rezamos pelos
mortos, não é? Portanto o purgatório deve existir, caso contrário as nossas
orações não fariam sentido”.
Isto é um
bom exemplo daqui lo que, na mente
dos teólogos, passa por ser um raciocínio lógico.
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