Hellen Fisher, professora de antropologia e pesquisadora |
O POR QUÊ DO
AMOR
ROMÂNTICO
Helen Fischer, cientista, dedicada à pesquisa sobre “as coisas do amor” deu, em Fevereiro de 2008, uma palestra sobre o resultado de experiências efectuadas submetendo 37 pessoas que estavam amando loucamente a ressonâncias magnéticas nos seus cérebros.
Mas antes de falar no cérebro e do
resultado desses exames, ela relata-nos algumas histórias de amor, das muitas
que leu, e que evidenciam não só aquilo que a ciência comprova: que ele, o amor
romântico, não só é uma das substâncias mais viciosas do mundo, como, em alguns
casos, pode manter-se, não só o número de meses suficientes para que um casal
se conheça, copule e produza uma criança (biologicamente estamos programados
para nos sentirmos apaixonados entre 18 a 32 meses, de acordo com estudos efectuados
pela Professora na Universidade de Nova Yorque, Cindy Hazan) como, em alguns
casos, a vida inteira.
Nas selvas da Guatemala, em Tikal, fica
um templo que foi construído pelo grande Rei Sol do maior estado autónomo da
maior das civilizações das Américas, os Maias.
Seu nome era Jasan Chan Kawill, tinha
mais de um metro e oitenta, viveu até aos oitenta anos e foi enterrado nesse
monumento em 720 D.C.
As escrituras Maias proclamam que amava
sua mulher profundamente e por isso construiu um Templo em sua honra na
direcção do dele de forma que, a cada primavera e Outono, exactamente no
equinócio, o sol surge atrás do templo dele e cobre totalmente o templo dela
com a sua sombra, e quando o sol se põe, atrás do templo dela, de tarde, ele
cobre, com a sombra, perfeitamente, o templo dele.
Após 1.300 anos, estes dois amantes de
uma vida, continuam a “beijar-se” nos seus sepulcros.
As pessoas amam em todo o mundo…cantam,
dançam, compõem poemas e histórias sobre o amor. Definham, vivem, matam e
morrem por amor.
Os antropologistas estudaram 170
sociedades diferentes e em todas elas encontraram evidências do amor.
Um dos mais lindos poemas sobre o amor
foi contado por uma índia Kwakult, do sudeste do Alasca a um missionário em
1896:
“Fogo corre através do meu corpo com a
dor de te amar. Dor corre através do meu corpo com o fogo do meu amor por você. Dói como um furúnculo prestes a explodir
com meu amor por você, consumido por fogo com meu amor por você.
Eu lembro o que você disse para mim.
Estou pensando sobre o seu amor por mim.
Sou mutilada por seu amor por mim…dor e
mais dor.
Onde você vai com meu amor?
Me disseram que você vai embora.
Me disseram vai me deixar aqui.
Meu corpo está anestesiado de pesares
Lembre o que eu disse, meu amor
Adeus, meu amor, adeus…"
Emily Dickinson escreveu uma vez:
-
“Separação, é tudo o que precisamos conhecer do inferno”.
Como dizia um poeta japonês do sec.
VIII:
-
“Meu desejo não tinha tempo quando acabava”.
O amor é selvagem e a obsessão pode
piorar quando você sente que foi rejeitado.
Como o poeta Terence disse uma vez:
-
“Quanto menos é a minha esperança, mais quente é o meu amor”.
E, de facto, assim é: 2.000 anos depois
podemos explicar isso no cérebro. O sistema de “recompensas por querer, por
motivação, por desejo”, torna-se mais activo quando você não pode ter o que
quer, neste caso, o grande prémio da vida, o jackpot: um parceiro reprodutor
adequado.
Quando você é rejeitado por amor, não só
está sendo engolido pelo amor romântico como se sente mais profundamente
apegado à pessoa que o recusa.
Por isso, podemos dizer, que o amor
romântico é a chave da procriação. Não o impulso para o sexo porque esse
leva-nos a uma gama diferente de parceiros num autêntico desperdício de
energias enquanto que o primeiro, que nos conduz para uma pessoa de cada vez
conserva a nossa energia procriadora.
Toda a poesia sobre amor romântico pode
resumir-se ao que Platão nos disse há 2.000 anos atrás:
-
“O deus do amor vive em estado de carência. É uma necessidade, uma urgência, um
desequilíbrio homeostático, conforme a fome e a sede é quase impossível de
eliminar”
Mas o amor romântico é também um vício,
completamente maravilhoso quando tudo corre bem e horrível no caso contrário.
Nele estão todas as características do
vício:
-
Só pensa na pessoa, obsessivamente;
-
Deseja-a:
-
Distorce a realidade e deseja correr enormes riscos para a conquistar.
Uma senhora, minha amiga, tinha
ultrapassado um terrível caso amoroso, já tinham passado oito meses e ela agora
estava bem. No outro dia, ia volante do seu carro,
quando, de repente, ouviu na rádio uma canção que a fez lembrar essa pessoa. Além de um desejo enorme de voltar
imediatamente para ele, teve de encostar o carro para chorar agarrada ao
volante.
Tenhamos, pois, em atenção, que o amor
romântico é uma das substâncias mais viciosas que existem constituída por
muitas substâncias químicas (Feniletilamina, Octovina, Dopamina, Serotomina,
Estrogénio, Testosterona) que em determinadas situações se mobilizam dentro do
nosso corpo para provocarem aqueles estados de alma que todos que alguma vez se
apaixonaram conheceram bem.
NOTA - O que nós sofremos, caramba, quando nos apaixonamos e as coisas não correm bem... ficamos, agora, a saber por quê.
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