Acabaram os debates
Não deviam ter começado porque não foi
bonito de ouvir. Eles corresponderam a uma estratégia de Seguro que sabendo
partir em desvantagem procurou todos os meios para tentar inverter os números
das sondagens que lhe eram desfavoráveis.
Se o conseguiu ou não sabê-lo-emos no
Domingo mas uma coisa ficou clara e essa não era sabida, pelo menos para mim:
de um “animal político manso”, cordato, falinhas doces que durante três anos
escondeu o que pensava para preservar a paz no partido, Seguro, tornou-se num “animal
político feroz”, mais feroz a cada debate, a fazer esquecer a ferocidade de
Sócrates.
Sem estatuto nem carisma político, sem
provas dadas em funções de Estado de responsabilidade, tem um currículo académico
que deixa muito a desejar.
Começou um curso com alguma dificuldade numa escola do meio da
tabela para mudar para um curso de relações internacionais num híper
universitário. Quanto a mestrado apenas sabemos que frequentou ou frequenta um
mestrado em ciência política, ciência que como é sabido está mais ou menos a
meio caminho entre a astronomia e a física... Marketing político parece ser a
sua especialidade tal como foi a de José Relvas.
Os debates, penso eu e outras pessoas que conhecem bem o PS,
não deverão ter feito mudar de posição os adeptos e simpatizantes de cada um
dos candidatos.
Quem era Costa mais Costa continuou. Quem era Seguro mais
Seguro continuou. É sempre assim: as zangas e rupturas acabam sempre pior do
que quando começam.
Restam os que estavam em dúvida. Para esses,
os que sinceramente estavam com dúvidas que não devem ter sido muitos, suspeito
que elas devem ter aumentado. Houve muito argumento demagógico e populista e eu
nunca sei qual o grau de penetração deste tipo de argumentário...
Em resumo, custa-me ver o meu país na fase difícil em que se
encontra sujeito a este tipo de lutas que só o desprestigiam e desmoralizam.
Costa percebeu logo ao que ia mas não tinha como fugir. Ou
aceitava ou desistia e se o fizesse seria para sempre. Seguro, tirando partido
de ser Secretário - Geral, ditou as condições:
- Tarde, o mais tarde
possível, finais de Setembro e com muitos e compridos debates pelo meio.
Costa pretendeu salvar o nível dos confrontos mas não era
possível com a acusação logo à partida de que era um traidor.
Vestindo a pele de um cordeiro indefeso atacado por um lobo
traidor, Seguro vitimizou-se a ponto de fazer chorar as pedras da calçada, do
seu “caminho das pedras” dando de si mesmo a ideia de uma fragilidade que não
combina com a de um político que quer ser líder.
Onde é que já se viu líder a chorar pelos cantos tal como
menino de escola a queixar-se de outro menino seu colega que lhe está a fazer
maldades???!!!...
A estratégia foi esta. Se Costa lidou bem com ela, não sei...
inicialmente não me pareceu mas não é fácil, acho que faltou ali um bocadinho
de esperteza e acutilância de advogado, que ele até foi durante três anos no
princípio da sua carreira.
Pela minha parte, mais não posso fazer que dar-lhe o meu voto
no próximo Domingo na qualidade de simpatizante do PS e aguardar que ele ganhe
a eleição e seja o futuro 1º Ministro.
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