e
Marina Silva
A personalidade da candidata ao poder no Brasil, Marina Silva, é sedutora e embora tenha subido ao primeiro plano no confronto com Dilma Rousseff pela morte intempestiva e trágica de Eduardo Campos, não impediu que em pouco tempo ela lhe disputasse, em termos de sondagens, a vitória num taco-a-taco para as próximas eleições legislativas.
A sua figura aparentemente frágil e
delicada, o seu passado heróico de sobrevivência no ambiente difícil da selva
amazónica como seringueira, tornou-a figura de uma história de aventuras,
infelizmente igual à de tantos compatriotas seus que não subiram como ela ao
topo da sociedade brasileira, num prodígio espectacular de capacidades em que
até a doença teve que vencer.
A sua imagem abraçada a uma árvore para
a defender das moto-serras assassinas granjeou-lhe uma onda de simpatia no
Brasil e em todo o mundo por parte de todos aqueles que são amantes da natureza
e sabem da importância da preservação daquela área imensa e única que é a floresta
amazónica.
Reconheço que tudo junto me cativou e na
qualidade de português que nada tem de se meter nas escolhas políticas em
democracia dos meus amigos brasileiros (falam a minha língua), atrevi-me a
publicar aqui , no Memórias Futuras,
no passado dia 16, um texto com o título “Abraçar uma Árvore” em que expressava
a minha simpatia/preferência por Marina Silva.
Mas para mim, então, a história não
estava toda contada:
-
Marina foi criada no catolicismo e em 1997, estava doente e consultou um médico
que, durante a conversa, a colocou em ligação com o pastor André Salles à época
da Assembleia de Deus por achar que o caso de Dilma estava fora do âmbito da
medicina.
Em contacto com o pastor, Marina
afirmou-lhe que tinha o dom de revelação do Espírito Santo.
Desde então, ela que quase se tornou
freira e converte-se ao cristianismo evangélico embora, sempre que fala da sua
fé, ela tenha o cuidado de assegurar que as suas ideias sobre política são
pautadas por interesses políticos e não religiosos.
O reverendo Caio Fábio veio em seu apoio
e com base numa relação antiga de amizade com Marina, ele assegurou numa
entrevista à Folha, que “ela não possui nenhum resquício de fanatismo. São
dogmas pessoais. A fala dela é de bom senso.”
No entanto, o Reverendo Caio Fábio, admitindo um risco implícito, por ironia, “recusa a ideia de que o Brasil
se possa transformar num Irão, um califado evangélico, ou um país de talibãs
evangélicos. Isso é idiotice, loucura, insanidade” adiantou o líder do
Movimento Caminho da Graça.
Um cidadão de um país qualquer
civilizado, concretamente o Brasil, se tem por onde escolher numa eleição
Presidencial, não pode deixar de levar em linha de conta o risco destas
vocações religiosas.
Seria completamente errado e injusto
comparar Marina Silva com aquela “cabecinha oca” da Sarah Palin, candidata à
Vice-Presidência dos E.U.A. que quando perguntada respondeu que a América fez
a guerra ao Iraque porque “Deus qui s”...
Em contraponto, numa entrevista, Marina
ressaltou que o Supremo Tribunal assegurou aos homossexuais o direito à união
civil e que respeita a autoridade da Justiça.
“Num estado laico devem ser respeitados
todos os brasileiros, nos seus direitos públicos e privados. Essa uma conqui sta da sociedade brasileira e que qualquer
governante deve defender” – afirmou ela... o que é sempre bom de ouvir.
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