Ministro da Educação |
DESCULPEM
Ministra da Justiça |
Viriato Soromenho Marques, Prof. Universitário, refere-se hoje na
sua crónica de Opinião no Jornal de Notícias, aos pedidos de desculpa
apresentados no Parlamento pelos Ministros da Educação e da Justiça por erros
graves praticados nos seus Ministérios.
Lembrou, a propósito destes pedidos públicos de desculpas, uma
figura notável da política europeia, o alemão Willy Brandt que em 1970, numa
escadaria molhada em frente do Memorial do Gueto de Varsóvia, ajoelhou e pediu
perdão em nome da Alemanha.
Não, não foi em seu nome, foi em nome do seu país porque ele tinha
combatido os nazis, ele tinha lutado contra a barbárie por cujas consequências
para o povo europeu e para o mundo ele, num gesto sincero de comovente
humildade, pediu perdão.
Williy Brandt estava então no auge do seu poder, a Alemanha a recuperar auto-confiança e o gesto tinha
tudo para ser autêntico e genuíno por parte do responsável de um país que
queria começar um novo relacionamento com os povos da Europa fazendo novo,
fazendo diferente.
As graves acções na política são irreversíveis, depois de
acontecerem não se podem anular e, por isso, segundo defende a filósofa judia
Hannah Arent, o único antídoto é o perdão que ela recuperou da teologia cristã
para a política.
No entanto, para que o perdão funcione, seja credível, é
indispensável que implique o reconhecimento de um dano irreversível provocado
aos outros.
Em segundo lugar, o perdão obriga a mudar radicalmente de conduta.
Por esta razão, diz Viriato Marques, que aqui lo
que os Ministros da Educação e da Justiça fizeram foi apenas uma caricatura do
perdoa-me uma vez que não se percebe uma conduta para um novo caminho e, no
fundo, tudo vai ficar na mesma.
O pedido de perdão de Williy Brandt em 1970, na escadaria molhada
em frente do Memorial do Gueto de Varsóvia foi um acto digno. Estes pedidos de
desculpa não o foram.
Lá vai o tempo que quando uma ponte caía e arrastava consigo vidas
humanas o respectivo Ministro, apenas por ser o responsável da pasta, no outro
dia, pedia a demissão e ia-se embora...
posted by Joaquim Paula de Matos at 3:24 da tarde
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