Sérgio Sousa Pinto |
A Seita dos 30%
Conhecendo António Costa era de prever que os novos órgãos do Partido, mesmo depois da sua vitória esmagadora da ordem dos 70% sobre António José Seguro, iriam incluir 30% dos vencidos negociados com Álvaro Beleza seu representante.
A bem da pacificação e da união do Partido é a explicação
lógica.
Mas deveria ou teria de ser assim? Não estaremos, desta
forma, a alimentar a criação de seitas ou facções dentro do próprio partido? A
vitória de Costa não terá sido suficientemente esclarecedora para pôr um ponto
final na existência destes dois campos? Não seria preferível partir agora do
zero?
As facções internas dentro do partido socialista existirão
sempre porque ele é um partido democrático onde há liberdade e confronto de ideias e militantes capazes de arregimentar à sua volta
grupos de outros colegas constituindo correntes ou como lhe qui sermos chamar.
Mas para quê, agora, a seita dos 30%? Eu temia que no
caso de uma vitória escassa de António Costa, abaixo de 10%, a ementa fosse
pior do que o soneto e a vida interna do PS ficasse ainda mais dividida e
complicada, mas felizmente tudo acabou nesse dia quando Seguro, muito galhardamente, pegou no casaco, na mão da mulher e da filha, se meteu no seu carro e deixou o
Largo do Rato para António Costa.
Para quê, então, ressuscitar agora 30% de Seguro quando
o partido é o mesmo e Costa o seu chefe incontestável?
Por que é que os militantes de qualidade que até aqui eram adeptos de Seguro têm que continuar ”agarrados”
a ele para exercerem funções de responsabilidade no partido para as quais,
eventualmente são os melhores?
Costa ganhou rotundamente, desde os 14 anos no partido,
melhor que ninguém conhece os seus camaradas, porque não é ele livre de fazer
as suas escolhas sem ter que se subordinar a percentagens de algo que já ficou
para trás e ceder a outro, em parte, neste caso Álvaro Beleza, uma decisão que só a ele devia caber?
Como diz Sérgio Sousa Pinto, hoje numa entrevista do
DN, “isto é prejudicial. Vão cristalizar em alguns sectores um espírito de
seita”. A consagração do sectarismo não é bom para o partido nem para a
democracia.
... Mas, isto digo eu que tento raciocinar na base dos “dois
mais dois igual a quatro” quando a política tem meandros que escapam à matemática...
Quem nos diz que estes 30% não facilitam agora a união e pacificação do Partido
e daqui por uns tempos, com as vagas
alterosas que aí vêm, já ninguém lembra os 30% e o Seguro?
O Costa lá sabe...
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