terça-feira, novembro 11, 2014

José Sócrates
O Político “Maldito”

















Admitamos que Passos Coelho não tem nenhuma responsabilidade na situação a que o país chegou quando em 2011 José Sócrates, vencido pelos mercados, desistiu de ser 1º Ministro e chamou a troika para negociar um empréstimo de emergência.

 - Esqueçamos que Passos Coelho fez abortar o PEC 4 (Programa de Estabilidade e Crescimento) o qual, no dizer do Ministro Teixeira Santos, teria permitido ao país enfrentar as dificuldades que tinha na altura.

- Quem sabe, então, se de PEC em PEC não teríamos evitado o Acordo com a Troika cujos compromissos nela assumidos funcionaram como o preço a pagar pelo empréstimo salvador.

 - Quem sabe, também, se não teríamos evitado aquele Sr. Ministro, de seu nome Gaspar, que falava de maneira esquisita, e que veio de propósito da Europa para nos meter nos eixos com um brutal agravamento de impostos, encerramento de centenas de pequenas empresas consideradas desprezíveis mas responsáveis por milhares de empregos, e que se foi embora depois de escrever uma carta aos portugueses admitindo que tinha falhado.

Admitamos tudo isto e concordemos que Sócrates tinha um estilo de governar tenso e obstinado que acabou por pôr os portugueses nervosos o que foi muito bem explorado por Passos Coelho que se soube insinuar com um discurso pousado e convincente que fez do “despesismo” de Sócrates e das “gorduras” do Estado os seus grandes trunfos políticos.

Estamos agora em fins de 2014, à beira de novo ano de eleições, passámos por aquilo que passámos, sofremos os cortes que sofremos, suportámos o “brutal” aumento de impostos do ministro Gaspar, fizemos desfiles silenciosos quando Passos Coelho quis aplicar a TSU aos trabalhadores enquanto cantava a Nini do Paulo de Carvalho, enfim, uma história triste destes últimos 3 anos que o actual 1º Ministro e a sua equipa pretende continuar à custa de Sócrates, o político “maldito”.

Ameaça-nos de novo com a “banca rota”, e com o despesismo de Sócrates que, entretanto, saiu da política, foi estudar para Paris, arranjou um emprego e não mais ocupou cargos no partido.

Sócrates passou a ser como um papão das histórias que se contam para amedrontar as crianças que à noite não querem dormir.

Passos Coelho fez promessas aos portugueses, lembramo-nos delas em entrevistas rápidas na televisão, e faltou a todas elas. Talvez por isso, agora não faz mais promessas, amedronta-nos com Sócrates, o político “maldito”, ameaça-nos com a banca rota, reduz-nos à condição de gente sem futuro nem esperança.

É isto que nos prepara nos seus tempos de antena Passos Coelho para ganhar as eleições:

- Filmes a preto e branco povoados com o fantasma de Sócrates e nós, crianças, tremendo de medo, tapamos a cabeça e invocamos Passos Coelho, o salvador, que cantava a Nini enquanto nos ameaçava com a TSU.  

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