quinta-feira, novembro 13, 2014

Será que também vou deixar crescer a barba?
Não Mais Seres Humanos,

Mas Melhores Cérebros Humanos














No número da Primavera de 2007 da Revista Quorum, da Universidade de Alcalá, em Madrid, o físico espanhol Antonio Ruiz de Elvira reflecte sobre a questão mais importante do nosso tempo, as alterações climáticas, relacionando as suas preocupações com os dois mandatos divinos do Genesis: crescer e multiplicar, dominar a terra e tudo o que há nela. 

Diz o cientista: 

 - “É necessário combater as alterações climáticas e ao mesmo tempo é extremamente útil lançar determinados países e a humanidade no seu todo na direcção do desenvolvimento real. É nosso dever, e será um prazer fazê-lo. As alterações climáticas resultam da queima selvagem do carvão e petróleo pela sociedade humana.

Como todos os animais, os seres humanos precisam de energia para viver e ao encontrar estes dois combustíveis avançaram quase descontroladamente por um caminho sem regresso.

Ao dispor de uma energia que encontrámos sem esforço, temos dado rédea livre ao crescimento populacional e à destruição acelerada do meio ambiente de que precisamos para viver. Ao encontrar essa energia deveríamos ter sabido usá-la de forma controlada mas a cultura dominante forçou-nos ao seu uso descontrolado. 
O que dá origem a uma cultura? Richard Dawkins utilizou o termo "mem" como o equivalente social ao gene biológico. A escolha de um determinado número de alternativas em vez de outras, dá lugar a uma forma de progresso social. Durante um longo período em que nenhum ser humano tinha uma energia diferente da que deriva directamente da fotossíntese ou indirectamente do metabolismo fotossintético de vegetação, a possibilidade de extrair energia útil resultava do número de animais e pessoas, em que estas funcionavam como ferramentas ou como soldados para o roubo sistemático da energia. 

Em ambos os casos foi útil e culturalmente valioso o crescimento da população e desenvolveu um “meme” que foi codificado na Bíblia, um daqueles livros que alguns dos habitantes do mundo consideraram de sagrado por um prazo de obrigatório cumprimento, pois se aceitava como exógeno ao sistema social: “ Crescei, multiplicai-vos e enchei a terra". 

Este “meme” cultural gerou, ao existir uma disponibilidade crescente de energia, uma superlotação totalmente desnecessária. Ao mesmo tempo, ele desenvolveu outro “meme” cultural: a ânsia de posse sobre as necessidades básicas.

Posto que para garantir a sobrevivência dos indivíduos e famílias era necessário ter outras pessoas como ferramentas, a posse dessa e de outras riquezas equivalentes tornou-se mais um “meme” cultural adicional. 

Novamente, a disponibilidade de energia tem levado ao desenvolvimento de uma ideia de consumo e ao acelerar do ritmo de vida totalmente desnecessário, que permanece e se propaga à população mundial.

Para satisfazer estes dois “memes” culturais, procura-se mais energia, fácil e rápida mas mais poluente em vez de orientar esses esforços noutras direcções: a redução da população e o uso de outras energias limpas. 

A sobrevivência humana depende hoje de considerações diferentes das que se colocavam há milhares de anos. Em vez de necessitarmos de seres humanos como mão-de-obra necessitamos dos cérebros desses humanos com ideias criadoras.

Em vez da riqueza derivada de uma energia imediata, precisamos de energia sofisticada em formas cada vez mais tecnológicas. 

A sobrevivência de cada um depende agora da sobrevivência de toda a sociedade, da nossa capacidade de combater as alterações climáticas. 

(O dióxido de carbono que libertamos para a atmosfera é absorvido pelos oceanos e lentamente acidifica-se. Em 2100 ainda haverá ostras, mexilhões e recifes de coral?)


NOTA
Um meme, termo criado em 1976 por Richard Dawkins no seu bestseller O Gene Egoísta, é para a memória o análogo do gene na genética, a sua unidade mínima. É considerado como uma unidade de informação que se multiplica de cérebro em cérebro ou entre locais onde a informação é armazenada (como livros). No que diz respeito à sua funcionalidade, o meme é considerado uma unidade de evolução cultural que pode de alguma forma autopropagar-se. Os memes podem ser ideias ou partes de ideias, línguas, sons, desenhos, capacidades, valores estéticos e morais, ou qualquer outra coisa que possa ser aprendida facilmente e transmitida como unidade autônoma. O estudo dos modelos evolutivos da transferência de informação é conhecido como memética.
Já repararam como se espalhou em tão pouco tempo o uso da barba nos europeus apesar de tal adorno ser distintivo dos terroristas islamitas?  É um exemplo de um meme.

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