sexta-feira, dezembro 26, 2014

e o Pai Natal vai-se embora...
Passou o 

Natal












Passado o Natal o Ano Novo é logo ali. No nosso destino colectivo é pouco aquilo que, de verdadeiramente importante, depende de nós.

A nossa dependência do exterior é esmagadora e aumentou este ano porque as nacionalizações de empresas estratégicas para chineses e angolanos retirou-nos ainda mais margem de decisões da pouca que já tínhamos mas, como nem tudo é mau, tivemos como prenda do Menino Jesus, para o Estado e para os portugueses, a baixa do preço dos combustíveis.

É ver os sorrisos na boca dos condutores quando são entrevistados na hora de encher os depósitos, sem referir já as empresas de transportes para as quais o preço do gasóleo corresponde a cerca de 30% dos custos.

Agora, na situação de reformado utilizo pouco a carro mas quando ontem fui à bomba da gasolina “low cost”, pela primeira vez, deu para perceber a relação favorável entre o contador que marcava a gasolina que entrava e o do dinheiro que saía.

O euro também perdeu valor, está mais fraco e isso é uma bênção para os nossos exportadores que sem mexerem uma palha ficam mais competitivos.

Nada disto, como se sabe, tem a ver connosco, não metemos nem prego nem estopa no preço do petróleo e do euro, como também nada fizemos para ter este clima agradável com que a natureza nos dotou e que é tão importante para atrair os turistas que se rendem ao nosso sol, simpatia, comida e preços acessíveis.

A indústria do turismo começou agora a ser encarada por todo o país como uma fonte de riqueza que se vende com uma certa facilidade mas muito mais se venderá se puxarmos por ela.

Ainda me lembro nos anos sessenta os franceses a descobrirem a Nazaré e as nazarenas das sete saias e a perscrutarem o nosso litoral à procura de lugares onde os portugueses nunca punham os pés.

 - Mas vocês têm sítios tão belos e não gozam deles?

Sim, foram, eles que chamaram a atenção para a beleza que era o nosso país.

Eu acho que para admirar a beleza da natureza são precisos olhos especiais. Esse sentimento de admiração na contemplação de um mar que se espraia suavemente ao longo de quilómetros de praias de areis douradas, tem mais a ver com o espírito do que com a vista e os portugueses não tinham condições de vida para admirar a terra em que nasceram porque se ela, por uma lado, era bela, por outro recusava-lhe o ganha-pão, o futuro, uma vida possível.

E assim continuamos. Centenas de milhar de portugueses, especialmente jovens, tiveram que emigrar nos últimos anos para terras onde não faz sol e há frio e chuva, deixando para trás o “bem-bom” do seu país que não lhes concedeu o direito de viver nele.

Estranha sorte a nossa...




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