Tudo não passou de uma metáfora |
ASCENÇÂO”
e
“ASSUNÇÃO”
"Ascensão":
Uma Metáfora
A
Ascensão de Jesus, ao contrário da Assunção de sua mãe Maria, não é um dogma de
fé. Como aparece nos relatos dos evangelhos, Mateus, Marcos e Lucas, a
doutrina oficial considera essa “subida” como um facto “histórico”, mais um dos
dados que compõem a “biografia” de Jesus.
Mas este episódio é uma metáfora: quando
dias depois de morrer Jesus “subiu aos céus”. O número 40 é um número simbólico
ao longo de toda a Bíblia. Neste caso, significa que foi um período completo e
irrepetível para aqueles que integraram o Movimento de Jesus e acreditaram na
sua mensagem e se convenceram definitivamente que Jesus continuava com eles e
que estava nas mãos de Deus e não dos injustos: “Havia ganho a partida”.
O Céu Será Uma Festa
O “céu” é o que vemos “acima”, o
manto azul que cobre a terra, onde correm as nuvens e brilha o sol, a lua e as
estrelas.
Uma maioria de tradições religiosas
situou Deus no “céu”, nesse “acima”, externo, distante e superior. Jesus, não.
Jesus falava de Deus “dentro” de cada pessoa e falava também de um Deus
presente nas relações humanas, justas, solidárias e piedosas.
Jesus falou muitas vezes do
cumprimento pleno do reino de Deus mas nunca lhe chamou céu. Em muitas
passagens dos evangelhos aparece a expressão “reino dos céus” que não é de
Jesus porque ele sempre falou e pregou “Reino de Deus”.
Nunca Jesus se referiu tampouco a um
final desvinculado da história. Utilizou várias imagens para falar do futuro,
do “mundo novo”; os seres humanos verão a Deus com seus olhos, repartirão a
herança, ouvirão risos de festa, a família de Deus sentir-se-á à mesa de um
banquete, partirá e repartirá o pão da vida… e tudo mudará: os últimos serão os
primeiros, os pobres deixarão de o ser, os esfomeados serão saciados, e os que
choram rirão.
O mais original da mensagem de Jesus
e do seu Movimento é conceber que tudo isto começa já na terra, no mundo das
relações humanas, vivendo em comunidade e solidariamente, compartilhando,
cuidando da vida, curando os que estão enfermos ou estão tristes… Tudo isto se
inicia aqui como ponto de partida do
que será a plenitude. A imagem do banquete de festa com a casa cheia a
transbordar foi central na linguagem usada por Jesus para falar sobre o futuro.
Nota - Mesmo com todo o risco que implica saber o que alguém terá dito há dois mil anos atrás, uma coisa parece certa: Jesus, e a sua igreja mais tarde, não dizem bem a mesma coisa.: "a crença no reino de Deus começa aqui, na terra", num discurso que não sendo metafórico é demagógico, irrealista, de uma sociedade igualitária, bonito de ouvir mas irrealizável e de perigosas consequências.
Parece que Jesus só despertou para a realidade do seu semelhante quando, pregado na cruz, dizia para o Deus: "perdoai-lhes, senhor, que eles não sabem o que fazem" de onde só se podem concluir duas coisa: ou eles eram criminosos ou loucos irresponsáveis que não sabiam o que faziam.Jesus inclinou-se para a última hipótese.
Mas tudo não passa de uma metáfora como a Ascensão e a Assunção... Jesus perdeu a partida, não só se deixou matar na medida em que insistiu sempre na sua versão perante os juízes, como após a sua morte tudo ficou na mesma em termos de injustiças e desigualdades.
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