Árvore ou monumento? |
A Minha Irmã
Árvore
Conta-se a história
daquele homem que já muito velhinho, sentindo-se muito doente, saiu ao qui ntal e por momentos abraçou cada uma das suas
árvores. Depois, regressou a casa, deitou-se e morreu tranqui lo.
Era irrelevante que as árvores fossem diferentes: uma figueira, uma laranjeira e uma oliveira. A todas, ao longo de uma vida, tratara de igual modo: regara-as de acordo com as suas necessidades e podara-as com mestria no Inverno para que na Primavera rebentassem com mais força.
Elas, em troca, deram-lhe a sombra à qual se recolhia nas tardes solarengas de verão e os frutos: - Figos pretos de tamanho médio, doces e saborosos, laranjas grandes e sumarentas e azeitonas que ele retalhava, demolhava para perderem o sabor acre e depois salgava e temperava com sal e orégãos. Com nacos de pão de trigo caseiro eram o melhor acompanhamento.
Naqueles momentos em que percebera que a vida o ia abandonar não conseguiu evitar vê-las mais uma vez, tocar-lhes com afecto, no fundo, despedir-se delas.
De certa forma, é uma falácia afirmarmos que somos donos das árvores…vivem muito mais tempo que nós, já cá estavam quando nascemos, cá ficam depois de morrermos e as suas vidas correspondem à vida de gerações de pessoas.
Era irrelevante que as árvores fossem diferentes: uma figueira, uma laranjeira e uma oliveira. A todas, ao longo de uma vida, tratara de igual modo: regara-as de acordo com as suas necessidades e podara-as com mestria no Inverno para que na Primavera rebentassem com mais força.
Elas, em troca, deram-lhe a sombra à qual se recolhia nas tardes solarengas de verão e os frutos: - Figos pretos de tamanho médio, doces e saborosos, laranjas grandes e sumarentas e azeitonas que ele retalhava, demolhava para perderem o sabor acre e depois salgava e temperava com sal e orégãos. Com nacos de pão de trigo caseiro eram o melhor acompanhamento.
Naqueles momentos em que percebera que a vida o ia abandonar não conseguiu evitar vê-las mais uma vez, tocar-lhes com afecto, no fundo, despedir-se delas.
De certa forma, é uma falácia afirmarmos que somos donos das árvores…vivem muito mais tempo que nós, já cá estavam quando nascemos, cá ficam depois de morrermos e as suas vidas correspondem à vida de gerações de pessoas.
Algumas mesmo
mantém-se vivas durante muitas centenas de anos para não referir já o velho
pinheiro chamado de “matusálém”, da espécie Pinus Longaeva, da Califórnia, que
sobreviveu 4.800 anos.
Quanto ao seu tamanho, algumas deveriam ser consideradas Monumentos da Natureza:
- As Sequóias “Sempre Verdes” da costa norte-americana do Pacífico batem todos os recordes chegando a atingir, a mais alta de todas,115,6
metros ;
- A Sequóia “Gigante”, a maior árvore do mundo, tem1.489 m3
de volume o que significa que seria necessário uma frota de quase 40 camiões
TIR de 40 toneladas para a transportar.
Este conjunto de Sequóias encontra-se hoje resguardado no Parque Nacional das Sequóias, na Califórnia.
Mas o homem, que se tem permitido destruir sem dó nem piedade esta herança fabulosa de vida, continua cego por interesses de “hoje” sacrificando o futuro das gerações que o seguem. No fundo, prevalece o egoísmo da geração presente numa postura que se traduz no tal: “quem vier atrás que feche a porta…”
Quanto ao seu tamanho, algumas deveriam ser consideradas Monumentos da Natureza:
- As Sequóias “Sempre Verdes” da costa norte-americana do Pacífico batem todos os recordes chegando a atingir, a mais alta de todas,
- A Sequóia “Gigante”, a maior árvore do mundo, tem
Este conjunto de Sequóias encontra-se hoje resguardado no Parque Nacional das Sequóias, na Califórnia.
Mas o homem, que se tem permitido destruir sem dó nem piedade esta herança fabulosa de vida, continua cego por interesses de “hoje” sacrificando o futuro das gerações que o seguem. No fundo, prevalece o egoísmo da geração presente numa postura que se traduz no tal: “quem vier atrás que feche a porta…”
Estamos, a este
propósito, um pouco melhores mas não o suficiente... mas nem sempre terá sido
assim.
Tempos houve, quando o homem vivia em comunhão com a natureza numa época em que predominavam as florestas, a relação era estreita e íntima.
No silêncio da noite, nos seus locais de dormida, ele escutava os sons do vento perpassarem por entre as folhas dos ramos mais altos e sensíveis das árvores que o rodeavam e esses sons pareciam uma conversa em privado, umas vezes ligeiramente mais acalorada, outras em frases mais longas e monocórdicas interrompidas por silêncios intermitentes.
O homem do paleolítico ouvia, deitado, e pareceu-lhe a ele, ser primitivo, que eram os deuses que falavam com as árvores.
Humilde, frágil, dependente da natureza, mas muito sagaz e observador, pensou aproveitar aquele relacionamento entre árvores e deuses a seu favor utilizando aquelas como intermediárias entre ele e os deuses.
Assim, discretamente, levantava-se, dirigia-se a uma das árvores mais altas, tocava-lhe com respeito e contava - lhe as suas angústias e medos e pedia-lhe que solicitasse aos deuses a protecção para si, para a sua família e para o seu grupo.
Passaram-se milénios e quase tudo aconteceu de então para cá: fomos compreendendo melhor as forças da natureza, domesticámos plantas e animais, construímos cidades e civilizações, progressivamente temos vindo a desenlear o fio do conhecimento científico e no entanto, apesar de um tão longo caminho percorrido desde então, eu próprio, que detesto crendices dou ainda por mim a bater com os nós dos dedos da minha mão fechada na madeira do tampo da mesa – à falta de uma árvore - para afastar os mais presságios…
Por isso lhes chamo, de forma talvez menos veneranda que o meu antepassado do paleolítico: Minha irmã árvore.
Tempos houve, quando o homem vivia em comunhão com a natureza numa época em que predominavam as florestas, a relação era estreita e íntima.
No silêncio da noite, nos seus locais de dormida, ele escutava os sons do vento perpassarem por entre as folhas dos ramos mais altos e sensíveis das árvores que o rodeavam e esses sons pareciam uma conversa em privado, umas vezes ligeiramente mais acalorada, outras em frases mais longas e monocórdicas interrompidas por silêncios intermitentes.
O homem do paleolítico ouvia, deitado, e pareceu-lhe a ele, ser primitivo, que eram os deuses que falavam com as árvores.
Humilde, frágil, dependente da natureza, mas muito sagaz e observador, pensou aproveitar aquele relacionamento entre árvores e deuses a seu favor utilizando aquelas como intermediárias entre ele e os deuses.
Assim, discretamente, levantava-se, dirigia-se a uma das árvores mais altas, tocava-lhe com respeito e contava - lhe as suas angústias e medos e pedia-lhe que solicitasse aos deuses a protecção para si, para a sua família e para o seu grupo.
Passaram-se milénios e quase tudo aconteceu de então para cá: fomos compreendendo melhor as forças da natureza, domesticámos plantas e animais, construímos cidades e civilizações, progressivamente temos vindo a desenlear o fio do conhecimento científico e no entanto, apesar de um tão longo caminho percorrido desde então, eu próprio, que detesto crendices dou ainda por mim a bater com os nós dos dedos da minha mão fechada na madeira do tampo da mesa – à falta de uma árvore - para afastar os mais presságios…
Por isso lhes chamo, de forma talvez menos veneranda que o meu antepassado do paleolítico: Minha irmã árvore.
O que se tem feito e
continua fazer às florestas do planeta é um crime.
Os consumidores,
apinhados em cidades, fora do convívio com a natureza, não abdicam de ter nas
suas casas móveis de madeira, alguma de árvores raríssimas e os que se
apropriaram dessas florestas, gente desprezível em muitos casos, só lhes
interessa o dinheiro que podem ganhar mesmo sabendo que cada árvore faz parte
de uma cadeia de vida que já cá estava, que não é deles, e da qual são
autênticos algozes com a conivência egoística de todos os outros, de nós, os consumidores.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home