sábado, fevereiro 21, 2015

Schauble - o polícia mau.
Wolfgang Schauble  

- O “Polícia Mau” da Europa






As promessas do Cirysa ao povo grego eram perfeitamente inconciliáveis com a continuação da Grécia na zona euro e mesmo como ponto de partida para uma negociação desigual revelaram-se manifestamente exageradas e, no entanto... foi bom que as tivessem feito.

Ficamos a saber melhor quem é quem e daqui para a frente, esperemos o resultado das eleições que estão aí para vir..., a discussão ficou mais aberta para a Europa porque o Cirysa, mesmo com muito pouco ganho de causa, faltou ao respeito à toyka e aos alemães.

Miguel Sousa Tavares, hoje, no Expresso, emite a seguinte opinião:

- “Em vão Varoufakis reclamou, sugeriu, pediu e, por fim, suplicou, qualquer coisinha, uma frase que fosse, que lhe permitisse dizer em casa que a honra da Grécia havia sido salva e que nem tudo seria doravante como havia sido antes.
Cedeu em tudo, mesmo naquilo que sabia e havia dito que era imoral e ineficaz. Cedeu 90%, 05%, 98% de tudo o que levava para propor. Mas não chegou ainda: Schauble, o verdadeiro senhor todo- poderoso da EU (manda em Merkel e no governo alemão, no Bundesbank, no BCE e na Comissão Europeia), exigiu tudo.
Exigiu, não apenas a capitulação mas também a humilhação. Não por razões económico financeiras, não porque os contribuintes alemães – que ele tanto invoca e que só têm ganho com a dívida grega – o exigissem, mas para marcar posição: para que todos saibam quem manda na Europa e para que mais ninguém se atreva a desafiá-lo.
Schaubel é uma personagem condenada à história. Da sua cadeira de rodas ele não vê de perto os milhares, milhões de mutilados que a receita da troika causou em países como Portugal e a Grécia.

Ele não está no aeroporto de Atenas ou no de Lisboa a ver partir para o exílio toda uma geração de jovens a quem o seu país não tem futuro para dar (mas cujos engenheiros, formados com o dinheiro dos contribuintes portugueses, a chancelerina Merkel, de visita a Portugal, declarou aceitar “generosamente” receber na Alemanha).
E quando o Ministro alemão, numa operação mútua de marketing, se reúne com a nossa sorridente ministra das Finanças e proclama que o exemplo português é a prova de que a receita da troyka funciona, omite dizer que ela nos custou 6,5%  do PIB, 400.000 novos desempregados e 300.000 emigrantes, que nos fez vender em saldos e para estrangeiros todas as empresas estratégicas em que tanto havíamos investido em décadas e que, no final de todo esse brilhante “ajustamento” a dívida pública passou de 90% para 130% do PIB.
E também não revela aos contribuintes alemães que o grosso do empréstimo à Grécia serviu para salvar o investimento da banca alemã na venda de submarinos e outros luxos aos gregos, e quanto é que a Alemanha já facturou em juros aos gregos e aos portugueses.
Schauble representa o país que mais ganhou com o fim da Guerra Fria, o “motor europeu”, o exemplo máximo da competitividade, o país que fabrica os melhores carros do mundo e outras coisas que tais.
Ninguém pode negar os méritos que a Alemanha tem na situação invejável que é a sua, como ninguém pode negar os erros e vícios próprios que conduziram outros à situação deplorável em que se encontram.
A prazo, a política de Schauble vai prejudicar a Alemanha e destruir a Europa (mais uma vez...).
A atitude actual da Alemanha relativamente à Grécia – e que, para vergonha de todos, é a política da EU, socialistas incluídos – não é ditada por nenhum pensamento racional, mas apenas por um desejo de punição e humilhação. Que não é digna da Alemanha e que pronuncia o fim da ideia da Europa, mais tarde ou mais cedo."

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