Varoufakis e a sua camisa de azul eléctrico.... |
Varoufakis
Perde força e espaço.
O charmoso Ministro das Finanças grego que se apresentava nas reuniões do Eurogrupo com a sua espampanante camisa azul eléctrico de colarinho desabotoado e encantava todos, e especialmente todas, com o seu ar confiante e rebelde, ao fim de quatro meses de uma situação de impasse negocial começa a perder força e a ficar isolado.
Era o fim anunciado de um processo que recuperou o ego
dos gregos e os voltou a fazerem sentir-se orgulhosos de si próprios.
Varoufakis tinha razão mas não tinha a força. Afirmou
com convicção as suas razões, as razões dos povos desfavorecidos dos países do
Sul da Europa perante uma política financeira imposta pela Alemanha que recusa
integrar-se na Europa, mas ficou isolado.
Como ele uma vez contou: “Nas conversas de bastidores
era uma coisa mas depois, quando se abriam os microfones, era a voz oficial da
Alemanha que se ouvia a fazer lembrar os tempos da União Soviética”.
Tsipras conversa pelo telefone, mais uma vez, com Merkel
e percebe que o seu Ministro das Finanças está a bater contra uma parede de
cimento e o tempo que passa é desfavorável à Grécia sendo que o povo grego já
disse e voltou a dizer que quer continuar na Europa – nem sequer se sabe bem
como poderia sair... – e manter-se na zona Euro.
Não há por onde fugir. Tsipras entende que o seu
Ministro das Finanças converteu-se, ele próprio, num problema. Ele, o grande
defensor do fim da austeridade na Grécia.
Afastado Varoufakis bem se pode dizer: “Estás perdoada
austeridade, podes voltar... o teu cavaleiro andante caiu em combate.”
Era nítido que no meio de tudo isto havia aqui um pouco de romance de cavalaria, um heróico D. Quixote
que lutava, não contra moinhos de vento mas contra uma Alemanha poderosa
sustentada no apoio de alguns países e no silêncio cúmplice de outros tantos, o
que tornava a luta apenas num exercício de orgulho de um homem com um povo
fraco, pequeno e endividado por detrás.
Varoufakis, tal D. Quixote, podia dizer: - “Vês, Sancho
Pança, no recato dos gabinetes, com um copo na mão, todos compreendem e aceitam
os meus pontos de vista mas depois, na realidade, impõem a vontade do mais
forte...”.
Se eu fosse grego, Varoufakis era o meu herói:... “De
cima dos seu cavalo, baixou o elmo, ergueu a lança e correu a lutar pela sua
dama: 400.000 gregos sem abrigo, despedidos, sem comer, sem luz em casa e sem
esperança.
Não ganhou porque não podia ganhar mas o resultado
imediato destas batalhas são enganadoras: o descontentamento montou arraiais na
Europa, o desemprego dos jovens é desanimador e preocupante e novas eleições
estão aí à porta com novos cavaleiros andantes, não tão cordiais como
Varoufakis, à frente de exércitos de descontentes.
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