sexta-feira, maio 15, 2015

SÓCRATES -

“Cercado Mas Não Vencido”














O interior da vida de Sócrates desperta cada vez mais curiosidade. Preso preventivamente, com indícios incriminatórios que se vão acumulando, Sócrates é já, neste momento, considerado culpado na opinião pública antes ainda do julgamento em Tribunal.

Foi o político que concentrou maior quota de poder na democracia portuguesa depois de uma maioria absoluta que venceu com 45% do eleitorado a favor e 2.500.000 votos. Foi reconduzido no poder depois de ter perdido essa maioria absoluta, o que, politicamente, ser-lhe-ia fatal a ele e ao país.

Votei nele para a maioria absoluta mas já não lhe dei o meu voto na 2ª eleição em que teve maioria relativa.

No dia em que fez o seu discurso de despedida, antes de ir estudar para Paris, senti com alívio a sua saída mesmo sabendo que não vinha lá nada de bom.

Há muito que ele era um homem acossado, nervoso, intranquilo, inseguro, por detrás de toda aquela capa de certezas e convicções, o que me confrangia.

O que torna estes homens perigosos para a sociedade, e estou a pensar em Sócrates como, do mesmo modo, penso em Passos Coelho, é a teimosia, a ausência de humildade intelectual e democrática.

Investidos no poder, se já se sentiam com “razão”, muito mais se convenceram pelo simples facto de terem sido escolhidos pelos seus pares que lá o colocaram.

Estes homens sofrem de narcisismo, vivem apaixonados por eles próprios, uma paixão inabalável, não daquelas que dão e passam mas das que sobrevivem até à morte com todos aqueles defeitos próprios das paixões.

Se algum de nós se apaixonou na vida por alguém, sabe, por experiência própria, que esse alguém lhe parecia puro e isento de defeitos.

Tratando-se de políticos narcisos a coisa é muito mais grave e perigosa porque é toda uma sociedade que vai com eles, que se deixa arrastar.

Sentir-se com “razão” é indispensável a um político. Ninguém pode almejar a líder político se não sentir dentro de si a força da “razão” que possui.

 - Querem destino de maior risco do que este?

- Não é verdade que Sócrates distorceu a realidade até aos limites do possível para fazer vingar a sua “razão”?

 - Não é verdade que Passos Coelho está a distorcer a realidade portuguesa para provar que tem razão?

Na qualidade de cidadão tenho medo destes homens que se sentem imbuídos de uma áurea, uma espécie de destino divino que contamina a “máquina” que teve a sagacidade de os escolher para os seguir no poder e beneficiar dele.

Tal como Passos Coelho, Sócrates também tem o culto da personalidade. Se o mundo está contra ele é o mundo que está mal, por isso, Sócrates, está “Cercado Mas Não Vencido” pela simples razão de que estes homens nunca se deixam vencer.

Hoje joga a “ponta esquerda, na equipa de futebol dos seus colegas da prisão de Évora vivendo mais um período de heroísmo da sua vida, tal como Nelson Mandela, por exemplo, porque a personagem inebriante que vive nele diz-lhe que ele é um herói.

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