Termópilas, 2500 anos depois... Todos contra ela. |
A Saga da Grécia
A saga da Grécia continua... mas aproxima-se do fim. Toda a Europa
respirou aliviada, as Bolsas respiraram aliviadas e os gregos, conformados, terão
também respirado aliviados.
Estes gregos já não são os espartanos que combateram os persas na
proporção de 1 para 50 na batalha de Termópilas, 480 anos A.C.
Estes, não morrem pela sua terra e embora Tsipras e Varoufakis se
tenham batido galhardamente imitando em coragem o célebre rei Leónidas que caiu
em combate, não tiveram, como ele teve, a entrega incondicional da sua gente que
muito claramente lhes disse quererem continuar a pertencer à zona Euro.
A heroicidade faz-se de decisões que roçam o suicídio mas o povo
grego, consciente de que muitos dos seus estavam fortemente implicados na
situação a que se chegou e eles próprios, por falhas graves na governança, também
estavam envolvidos, reafirmaram esmagadoramente quererem continuar a pertencer
ao Euro.
A escolha fez-se e os persas, perdão, os alemães com os europeus
atrás, por arrastamento, com a vida facilitada só tiveram que reafirmar: “as
regras são estas”.
Continuando no euro, os gregos já sabem o que os espera, saindo, não
sabiam o que os esperava.
Os espartanos que combateram em Termópilas tinham uma preparação,
desde pequeninos, para a luta. Desenvolveram por isso qualidades
excepcionais. Para eles, regressar ao marco, treinados que estavam para uma
vida frugal, teria sido uma “pêra doce” e para esta Europa, egoísta e
interesseira, uma terrível e perigosa lição.
Mas os gregos dos dias de hoje já não dão lições ao mundo, estão
carregados de vícios, arrastados por erros de governo que os tornaram cúmplices,
limitam-se a protestar, alto e bom som contra a austeridade e por toda a razão
que se lhes assista, sendo bom, é insuficiente e inconsequente.
Não sabemos se alguma coisa vai ficar melhor ao fim destes 4 meses
de negociações infrutíferas mas, para além da agitação das águas que tem a
utilidade de as oxigenar, a vida irá continuar na mesma senda.
A Grécia actual é inviável, a Europa, como está, inviável é mas,
tal como na natureza, a sociedade precisa de tempo, de mais tempo, que irá inevitavelmente acarretar progressivamente alterações que se a sorte ajudar
talvez possam vir a melhorar progressivamente este projecto de Europa que, pela
sua ousadia, mereceria ser contemplado
pelos deuses.
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