quarta-feira, agosto 26, 2015

Os Chineses
















Confesso que hoje olho para um chinês de uma forma bastante diferente da que olhava há trinta anos para trás.

Vamos vivendo, os anos vão passando e o mundo à nossa volta vai-se transformando e nós próprios também não resistimos à mudança.

Tudo começou com as já esquecidas lojas dos cem, então escudos, e alguns restaurantes nos quais procurava o meu apaixonado arroz chau-chau, de que aprendera a gostar na cidade da Beira, em Moçambique, em princípios da década de setenta, e a massa chau-min, feita de farinha de arroz, muito mais fininha que o nosso esparguete e que eles confeccionam divinamente.

Para além disto, eram pessoas pequeninas, muito diligentes e disciplinadas, portadoras de uma cultura milenar carregada de sabedoria, e... com os olhos em bico.

Depois, eram muitos, mais de mil milhões, a exigir políticas drásticas de controlo de natalidade. 

Lembro-me de que o governo penalizava os casais que tivessem mais de um filho, o que levou a decisões de aborto priviligiando o nascimento de crianças do sexo masculino e, mais tarde, a dificuldade dos rapazes em encontrarem noivas. 

Viviam, então, quase todos no campo, cultivando arroz, base da alimentação e embora, em algumas regiões, conseguissem duas colheitas por ano, a terra não dava para todos... para além de que acatavam humildemente as ordens superiores, como aconteceu com o louco do Mao Tsé Tung. 

Mas, percebia-se, que era um dragão adormecido e o segredo para ele acordar, foi a adopção de duas políticas: com autoridade reprime as liberdades e os direitos dos cidadãos, à boa maneira comunista, mas liberalizou a economia.

Uma comunidade tão grande, unida cultural e politicamente, trabalhadora, fatalmente, mais cedo ou mais tarde, teria que dar o salto.

Hoje, a China vai buscar, todos os anos, dez milhões de pessoas, um Portugal inteiro, às suas “reservas” de camponeses e integra-os nas cidades mas, para isso, para que tudo se processe em paz, sem convulsões sociais, a economia tem de crescer 7% ao ano.

Se comparamos, por exemplo, com a Europa ou com o nosso país, em que seríamos felicíssimos se crescêssemos a 3%, percebemos o “drama”...

Por isso, os chineses expandem-se por todo o mundo, a sua economia é a maior de todas, no nosso país batem os restantes investidores, e se lhes acontece qualquer crise todos nós sofremos dada a interdependência que já está estabelecida.

Se a Alemanha vender menos Mercedes para a China é mau para a Alemanha, é mau para a Europa e, claro, é mau para Portugal.

Como vai longe o Mao Tse Tung...

Site Meter