Confesso que hoje olho para um chinês de uma forma bastante diferente da que olhava há trinta anos para trás.
Vamos vivendo, os anos vão passando e o mundo à nossa volta vai-se transformando e nós próprios também não resistimos à mudança.
Tudo começou com as
já esquecidas lojas dos cem, então escudos, e alguns restaurantes nos quais procurava o meu apaixonado arroz chau-chau, de que aprendera a gostar na cidade
da Beira, em Moçambique, em princípios da década de setenta, e a massa chau-min,
feita de farinha de arroz, muito mais fininha que o nosso esparguete e que eles
confeccionam divinamente.
Para além disto, eram
pessoas pequeninas, muito diligentes e disciplinadas, portadoras de uma cultura
milenar carregada de sabedoria, e... com os olhos em bico.
Depois, eram muitos,
mais de mil milhões, a exigir políticas drásticas de controlo de natalidade.
Lembro-me de que o governo penalizava os casais que tivessem mais de um filho, o que levou a decisões de aborto priviligiando o nascimento de crianças do sexo masculino e, mais tarde, a dificuldade dos rapazes em encontrarem noivas.
Lembro-me de que o governo penalizava os casais que tivessem mais de um filho, o que levou a decisões de aborto priviligiando o nascimento de crianças do sexo masculino e, mais tarde, a dificuldade dos rapazes em encontrarem noivas.
Viviam, então, quase
todos no campo, cultivando arroz, base da alimentação e embora, em algumas regiões, conseguissem duas colheitas por ano, a terra não dava para todos... para além de que acatavam humildemente as ordens superiores, como aconteceu com o louco do Mao Tsé Tung.
Mas, percebia-se,
que era um dragão adormecido e o segredo para ele acordar, foi a adopção de duas
políticas: com autoridade reprime as liberdades e os direitos dos cidadãos, à boa maneira
comunista, mas liberalizou a economia.
Uma comunidade tão
grande, unida cultural e politicamente, trabalhadora, fatalmente, mais cedo ou
mais tarde, teria que dar o salto.
Hoje, a China vai
buscar, todos os anos, dez milhões de pessoas, um Portugal inteiro, às suas “reservas”
de camponeses e integra-os nas cidades mas, para isso, para que tudo se processe em
paz, sem convulsões sociais, a economia tem de crescer 7% ao ano.
Se comparamos, por
exemplo, com a Europa ou com o nosso país, em que seríamos felicíssimos se crescêssemos
a 3%, percebemos o “drama”...
Por isso, os
chineses expandem-se por todo o mundo, a sua economia é a maior de todas, no
nosso país batem os restantes investidores, e se lhes acontece qualquer crise
todos nós sofremos dada a interdependência que já está estabelecida.
Se a Alemanha vender
menos Mercedes para a China é mau para a Alemanha, é mau para a Europa e,
claro, é mau para Portugal.
Como vai longe o Mao
Tse Tung...
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