Ingovernabilidade?
Por aqui lo que se ouve aos responsáveis dos dois maiores
blocos em confronto para as próximas eleições legislativas, parece que sim.
Restariam novas
eleições que também não garantiriam um vencedor absoluto e o impasse ameaçaria
a viabilidade do país.
Mas os portugueses não
são gente de rupt uras. Não fosse a
instabilidade e descontentamento da classe dos capitães do Exército em 1973 e não teria
havido nenhum 25 de Abril de 74 em Portugal.
Nós somos mais de “comer
e calar” como diz o povo e de suicidas temos pouco – isso é mais coisa de ricos
– até porque aqui lo que temos é
muito pouco... não valeria a pena.
Claro que uns e
outros, na disputa eleitoral, não podem dizer outra coisa, é o acicate para o
voto e por mais que as sondagens apontem para empate técnico, o pedido irá
continuar a ser, de um e do outro lado, de maioria absoluta por
incompatibilidade de génios...
Infelizmente, nem
sequer nos podemos dar a esses luxos e se for necessário, a Srª Merkel acabará
por pôr os pontos nos is e dizer quem, afinal, manda no país...
As forças vivas do
país estão atentas e a corda parte sempre pelo lado mais fraco que, neste caso,
como sempre, são os que representam o “peso morto”: os reformados,
pensionistas, desempregados de longa duração, doentes, velhos e as crianças.
A economia que gera a
riqueza não permite gastar muito dinheiro e já há muita gente com o olho na
nossa dívida.
O crescimento é lento,
mesmo que os nossos exportadores se esforcem, e estão a esforçar-se, num mundo
extraordinariamente competitivo como se percebe agora pela decisão da China de
baixar o valor da sua moeda e do Real, do Brasil, valer cada vez menos, as
coisas não estão fáceis.
A europa, de quem mais
directamente dependemos, continua individualista, indecisa, com os governos mais
preocupados com os seus eleitorados e a manutenção no poder, do que com a política
comum europeia.
As margens para
decisões em Portugal continuam muito estreitas e governar, nestas circunstâncias,
não pode ser aliciante, pelo que, no fundo, o que está em causa, é a luta entre
clientelas políticas e quanto mais tempo um partido estiver no poder mais os
interesses dessa clientela se enraízam na tentativa de se eternizarem à volta
das mesmas pessoas e das mesmas famílias.
Como dizia Eça de
Queiroz, um dos mais argutos observadores da sociedade portuguesa: "as fraldas e
os políticos devem ser mudados com frequência... pelas mesmas razões!" - Começam a cheirar mal...
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