O curioso debate ontem entre Catarina
Martins (Líder do Bloco de Esquerda) e Jerónimo de Sousa (líder do Partido Comunista Português) constatou uma realidade insofismável: o verdadeiro
adversário que ambos se propõem abater é, como já se suspeitava, o Partido
Socialista.
Amáveis um com o outro -
longe parecem idos os tempos de um ódio figadal, quando PCP pensava ter a sua
existência em perigo pelo crescimento do Bloco -, os simpáticos representantes
da "esquerda da esquerda" há muito perceberam que é na disputa das franjas de
simpatizantes do PS (o
Bloco debate-se ainda com a "cissiparidade" histórica da extrema-esquerda) que
estão as suas margens possíveis de crescimento. Ou os riscos de diluição de
apoios.
Um governo de esquerda moderada é o
mais perigoso cenário para a progressão eleitoral do PCP e do Bloco, partidos
cuja contribuição objectiva para a construção de uma qualquer alternativa
política é pouco mais nula, porquanto alimentam posturas sobre questões tidas
por essenciais para o posicionamento identitário do país no plano externo que
não são compatíveis com nenhuma outra força política com condições de governar,
desde logo o PS. PCP e Bloco não gostam do conceito de "arco da governação", que
consideram excluí-los.
O curioso e óbvio é que são eles próprios quem cuida em
se pôr de fora desse "arco".
Imagina-se que, na noite de ontem, os
espíritos para os lados da Santana à Lapa e do Caldas devem ter estado bem
altos. Têm razões para isso.
Nas quatro semanas que aí vêm, PSD, CDS,
PCP e BE reencontrar-se-ão nessa frente comum contra esse temível adversário
que os ameaça - o PS. Como nunca deixarei de lembrar, esta "santa aliança", este
"bloco lateral" direita/esquerda, não traz essencialmente nada de novo: foi
precisamente o mesmo que derrubou o governo do Partido Socialista em
2011.
O Partido Socialista está assim sozinho "no
meio da praça". Só me custa dizer "orgulhosamente só" para não trazer outras
memórias a quem já as tem.
Nota - A democracia portuguesa está marcada pela existência de um partido comunista que vem dos tempos da clandestinidade, que se bateu galhardamente contra a ditadura de Salazar e que hoje tem uma expressão eleitoral excessiva, marcada por esses tempos, como uma espécie de pagamento pelos serviços então desempenhados...
A ele junta-se o Bloco, partido de protesto, de causas, urbano, que, colocando-se, tal como o PCP, numa posição que em vez de ser de crítica construtiva é de ruptura com a União Europeia, da qual fazemos parte por opção do país, se excluem, naturalmente, da área do poder, deixando ao PS a tarefa de disputar sozinho o poder com a direita.
Mas eu acrescento: quem veja a televisão portuguesa, qualquer canal, nesta fase já eleitoral, não é só o PS que está "orgulhosamente só" é António Costa, ao qual não há "gato sapato" da direita: ministros, vice- 1ºs ministros, deputados, comentadores, simples defensores dos lugares que ocupam, que não lhe "bata" quando ele diz, seja o que for, na sua campanha eleitoral pelo país.
Sócrates, que já foi julgado pelo povo em eleições, que perdeu, continua novamente a ser massacrado pela Coligação, perseguindo Costa como um fantasma, numa campanha infame e desconfio que nas próximas eleições continue a ser ele o visado pela direita.
Mas eu acrescento: quem veja a televisão portuguesa, qualquer canal, nesta fase já eleitoral, não é só o PS que está "orgulhosamente só" é António Costa, ao qual não há "gato sapato" da direita: ministros, vice- 1ºs ministros, deputados, comentadores, simples defensores dos lugares que ocupam, que não lhe "bata" quando ele diz, seja o que for, na sua campanha eleitoral pelo país.
Sócrates, que já foi julgado pelo povo em eleições, que perdeu, continua novamente a ser massacrado pela Coligação, perseguindo Costa como um fantasma, numa campanha infame e desconfio que nas próximas eleições continue a ser ele o visado pela direita.
Para o PCP, é-lhe indiferente que o país continue a ser governado à direita, pelo o homem da Tecnoforma, especialista em "abrir portas". Fechado dentro de si, orgulhoso de seu passado, o PCP recusa-se a ser presente.
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