quarta-feira, setembro 09, 2015

Os Refugiados ...


e a Merkel











Podemos estar na ante-câmera de uma nova Europa no médio e longo prazo. Uma Europa muito mais multi-cultural, multi-religiosa e multi-racial, cada vez mais a caminho do mundo global.

É estranho as voltas que o mundo dá. Kadafi ambicionava a invasão da Europa pelos fiéis de Maomé e, sem que nada o fizesse pensar, o seu assassinato, escondido dentro de um cano, está a favorecer esse objectivo, mais do que as acções em sua vida.

O desmantelamento dos já frágeis Estados da Líbia, Síria e Iraque criou as condições óptimas para o aparecimento do Estado Islâmico, constituído, principalmente, por sunitas do ditador Saddan, que foi enforcado a mando dos americanos que, não tendo encontrado as tais armas que ameaçavam o mundo, sempre haviam que fazer qualquer coisa, para além de desbaratar as Forças Armadas e Policiais iraquianas sem colocar nos seus lugares outros intervenientes que desempenhassem o papel indispensável de enquadramento das populações, mantendo o ordem e a justiça.

As lutas provocadas por este caos político das quais, a "personagem" principal, é o Estado Islâmico e o seu projecto de um novo califado para todo o mundo islâmico, imposto pela destruição e terror às populações, provocaram já 4,1 milhões de Refugiados, números divulgados pelo Alto Comissariado da ONU.

Só ontem, chegaram mais de 7 mil pessoas à fronteira da Macedónia com a Grécia e 20 mil estão concentradas, em condições insustentáveis, na ilha de Lesbos.

Este ano já chegaram à Grécia 250 mil migrantes, na maioria Sírios, enquanto que no ano passado, 2014, foram apenas 34 mil.

Estamos, pois, perante um movimento de carácter humanitário sem controle, de pessoas desesperadas, famílias, mulheres, crianças, bebés, que jogam a sua sobrevivência numa aventura de fuga para o Continente Europeu que, para orgulho nosso que a ele pertencemos, e com uma ou outra excepção, que sempre as há, funciona como o castelo cujas muralhas mantêm em baixo a ponte movediça e a porta aberta para os acolher, numa visão romântica e medieval da situação.

O gesto, só não tem mais valor porque as nossas responsabilidades na génese do problema são grandes.

Para começar, não esqueçamos que aqueles territórios foram, no passado, colónias, protectorados, mandatos de potências que retiraram sem deixarem atrás de si uma cultura de qualidade suficiente para gerir um Estado onde predominavam tribos.

A política patrocinada pela ONU de "ensinar a pescar" em vez de "dar o peixe" foi débil ou mesmo falhada, na opinião do meu Prof. Adriano Moreira.

Depois vieram, mais recentemente, a invasão do Iraque patrocinada por Bush e Blair, em 2003, por causa das "armas de destruição maciça" e mais tarde, em 2011 o ataque ao ditador líbio, Kadafi, sancionada pela votação favorável do Conselho de Segurança da ONU, resolução histórica que depois foi aplicada, com entusiasmo por americanos, britânicos e franceses.

Pois é, europeus e americanos estão profundamente implicados na situação que está na génese deste movimento de refugiados que, há data, nunca foi pensado que pudesse acontecer.
(continuamos amanhã)


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