A Mulher, obra dilecta do Criador.... |
A Outra Versão
A história da criação do mundo está mal contada. Quando Deus, depois de ter feito o céu e a terra, as árvores e as nuvens, o mar e os peixes e se preparava para descansar, olhou à sua volta e tudo lhe pareceu muito vazio.
Faltavam
animais que preenchessem todo aquele espaço, que dessem animação ao cenário
criado, e Deus, num supremo esforço, embora já muito cansado, lá foi criando a
bicharada.
No fim, olhou para toda aquela variedade de seres, e percebeu que não
havia um único que fosse suficientemente belo, à altura da grandiosidade de
toda a sua obra, que verdadeiramente o arrebatasse mas, cansado como estava,
adormeceu encostado ao tronco de uma árvore.
Manhã cedo, despertado pelos primeiros raios de sol desse primeiro dia
de todos quantos haviam de se seguir, levantou-se e dirigiu-se a um lago de
águas límpidas e transparentes, como só então podiam ser, e sobre as quais se
debruçou olhando a sua imagem reflectida.
- E por que não, alguém à sua semelhança?
- E num momento de inspiração,
que só poderia se divina, lançou a sua mão, dedo indicador ligeiramente
espetado na direcção de umas bananeiras que para ali estavam, proferiu as
palavras mágicas utilizadas para a criação de toda a sua obra no dia anterior, o primeiro, e... ali estava um novo ser, esbelta, elegante, roliça, morena, cabelos escuros
escorridos pelos ombros, e Deus, conqui stado
por tanta beleza, reconheceu que a sua obra estava agora concluída.
As suas formas arredondadas e harmoniosas, aqueles olhos que enviavam
mensagens e convites... novos e estranhos, encantaram o próprio Deus que seduzido
por aquela visão a olhou perplexo, pensativo e, simultaneamente, embevecido.
Agora, sim, poderia dar a sua obra como concluída com total sucesso,
demasiado sucesso, talvez... pois não sentia nenhuma vontade de partilhar com
mais ninguém aquele ser encantador a que ele chamou “mulher” e que decidiu
guardar só para Ele, prerrogativa de Criador para com a obra Criada.
Na imensa escala do tempo estariam destinados a serem felizes para sempre:
Deus e a sua criação por Ele imortalizada mas..., sem que se soubesse por quê, um dia
aconteceu a rupt ura.
O que terá sucedido, então, é dos segredos mais guardados pela natureza divina. Não havia então cronistas
sociais e todos os restantes bichos, embora estranhassem aquela ligação entre o Criador e aquele animal, nada poderiam contar. Eram mudos, comunicavam apenas por
sinais entre eles, os indispensáveis para o acasalamento, ataque e defesa que a
mais, Deus, não os tinha dotado.
Teria havido, com certeza, razões de queixa dadas por ela e estando por
provar que Deus seja infinitamente bom e misericordioso, como se pode aferir no dia-a-dia da humanidade, o inevitável aconteceu:
- Foi-se a ela, arrancou-lhe uma
costela, e a contra-gosto e por castigo, fez o Adão.
E foi assim, nesse dia, por razões que nunca se saberão, que terminou o
paraíso, e ela, mulher, como todas as outras fêmeas, para além de ter que lhe
dar herdeiros, ainda passou a ser obrigada a limpar-lhe a casa, fazer-lhe a
comida, engomar-lhe as camisas e aturar-lhe as bebedeiras... isto, até há uns
tempos atrás.
Agora, vão ambos para os copos, a Merkel manda na Europa e a Catarina
Martins com a Mariana Mortágua roubaram a vitória ao António Costa. Já só falta,
por este andar, a Maria de Belém, mesmo tão pequenininha que quase mal se vê, ganhar ao Marcelo a
Presidência da República.
Que pensará Deus disto tudo?
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