quinta-feira, outubro 29, 2015

Ângelo e a revolta dos pregos...
A Diabolização

da Esquerda















Ângelo Correia, que foi ministro da Administração Interna do Governo de Pinto Balsemão em 1982 e ficou “marcado” por uma célebre “revolta dos pregos”, veio ontem de novo à televisão, onde é visita habitual, opinar sobre a situação política actual, na sua peculiar maneira de falar, à professor de matemática: “1º, 2º e 3ª, alíneas a), b) e c)...” para conferir um tom pedagógico às suas opiniões dando-lhes a força das “coisas” científicas, e... diabolizou os planos de António Costa, como se esperava.

Repetiu o argumento que deverá ser, de todos, o mais querido das hostes de Passos Coelho, e que lhe permitiu chamar a Costa “criminoso” político, que ele logo de seguida corrigiu para “delituoso”.

Ora, como todos já ouviram, durante a campanha eleitoral, António Costa, que pedia para si uma maioria absoluta ao eleitorado, não fez questão de afirmar que no caso de perder as eleições se iria coligar à esquerda e com essa eventual maioria de deputados, negociar com eles um programa de governo para ser 1º Ministro de Portugal.

Se o tivesse feito, acusa Ângelo Correia, o PAF teria ganho com maioria absoluta. Ocultar estas intenções foi, portanto, um “crime” ou “delito político”.

E continua Ângelo Correia”: “o que está para acontecer é grave, gravíssimo” e vai lançar Portugal nas profundezas do inferno europeu...

António Correia de Campos, jurista e político que o confrontava pela parte do PS, com um estilo completamente diferente, estava de olhos arregalados perante um discurso, mais que pessimista e derrotista, catastrofista...

Ninguém se iria salvar num eventual governo de Costa, com o apoio parlamentar do PCP e BE, cujo programa se desconhece mas que deve ser tão mau que já deitou o país abaixo, só restando aos portugueses, àqueles que não foram embora mandados por Passos Coelho, fazerem agora a trouxa e cederem o seu lugar aos refugiados sírios que aí vêem.

Ângelo foi patrão do Pedro na Formentinvest, quando este era então candidato à liderança do PSD e, dadas as suas estreitas ligações, é muito natural que tenha sido seu mentor e inspirador político.

Vê-lo agora cair, desta maneira, depois de ganhar as eleições e cantar vitória com o seu colega Paulo Portas, aos pés do seu adversário, deve ser desesperante, para além do que pode representar na área dos negócios para os quais, a continuação de Passos Coelho no poder, representaria uma confortável almofada.

Ângelo Correia respeita a Assembleia da República e as maiorias políticas que lá se formam, desde que sejam do centro e direita, ou seja: Ângelo Correia defende o imobilismo, o “statu quo”, mesmo que ele seja de 40 anos, 50 ou 60... desde que meta comunistas, sejam eles o que forem agora.

Para ele, a política não está sujeita à dinâmica própria da vida em que tudo muda e as pessoas evoluem, adaptam-se, ajustam-se, corrigem as suas posições, vivem e comportam-se sobre uma conjuntura actual que nunca, como hoje, nos oferece a cada dia que passa, tantas novidades, algumas, preocupantes novidades.

Vivi anos suficientes no regime de Salazar para saber o que era o imobilismo e como ele era “confortável” e entorpecente para todos, excepção feita aos que lutaram pela mudança.

Ângelo não está entorpecido, está cómodo, confortável e nós compreendê-mo-lo... só que não era preciso exagerar tanto!



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