Ângelo e a revolta dos pregos... |
A Diabolização
da Esquerda
Ângelo Correia, que foi ministro da Administração
Interna do Governo de Pinto Balsemão em 1982 e ficou “marcado” por uma célebre “revolta
dos pregos”, veio ontem de novo à televisão, onde é visita habitual, opinar
sobre a situação política actual, na sua peculiar maneira de falar, à professor
de matemática: “1º, 2º e 3ª, alíneas a), b) e c)...” para conferir um tom pedagógico
às suas opiniões dando-lhes a força das “coisas” científicas, e... diabolizou os
planos de António Costa, como se esperava.
Repetiu o argumento que deverá ser, de todos, o mais
querido das hostes de Passos Coelho, e que lhe permitiu chamar a Costa “criminoso”
político, que ele logo de seguida corrigiu para “delituoso”.
Ora, como todos já ouviram, durante a campanha
eleitoral, António Costa, que pedia para si uma maioria absoluta ao eleitorado,
não fez questão de afirmar que no caso de perder as eleições se iria coligar à esquerda e com essa eventual maioria de deputados, negociar com eles um
programa de governo para ser 1º Ministro de Portugal.
Se o tivesse feito, acusa Ângelo Correia, o PAF teria
ganho com maioria absoluta. Ocultar estas intenções foi, portanto, um “crime”
ou “delito político”.
E continua Ângelo Correia”: “o que está para acontecer
é grave, gravíssimo” e vai lançar Portugal nas profundezas do inferno europeu...
António Correia de Campos, jurista e político que o
confrontava pela parte do PS, com um estilo completamente diferente, estava de olhos
arregalados perante um discurso, mais que pessimista e derrotista, catastrofista...
Ninguém se iria salvar num eventual governo de Costa, com o
apoio parlamentar do PCP e BE, cujo programa se desconhece mas que deve ser tão
mau que já deitou o país abaixo, só restando aos portugueses, àqueles que não
foram embora mandados por Passos Coelho, fazerem agora a trouxa e cederem o seu
lugar aos refugiados sírios que aí vêem.
Ângelo foi patrão do Pedro na Formentinvest, quando
este era então candidato à liderança do PSD e, dadas as suas estreitas
ligações, é muito natural que tenha sido seu mentor e inspirador político.
Vê-lo agora cair, desta maneira, depois
de ganhar as eleições e cantar vitória com o seu colega Paulo Portas, aos pés
do seu adversário, deve ser desesperante, para além do que pode representar na área
dos negócios para os quais, a continuação de Passos Coelho no poder,
representaria uma confortável almofada.
Ângelo Correia respeita a Assembleia da
República e as maiorias políticas que lá se formam, desde que sejam do centro e
direita, ou seja: Ângelo Correia defende o imobilismo, o “statu quo”, mesmo que
ele seja de 40 anos, 50 ou 60... desde que meta comunistas, sejam eles o que
forem agora.
Para ele, a política não está sujeita à
dinâmica própria da vida em que tudo muda e as pessoas evoluem, adapt am-se, ajustam-se, corrigem as suas posições,
vivem e comportam-se sobre uma conjuntura actual que nunca, como hoje, nos oferece
a cada dia que passa, tantas novidades, algumas, preocupantes novidades.
Vivi anos suficientes no regime de
Salazar para saber o que era o imobilismo e como ele era “confortável” e entorpecente
para todos, excepção feita aos que lutaram pela mudança.
Ângelo não está entorpecido, está cómodo,
confortável e nós compreendê-mo-lo... só que não era preciso exagerar tanto!
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