Linda, na sua nudez de mulher |
Tieta do Agreste
(Domingos Amaral)
EPISÓDIO Nº24
ONDE PERPÉTUA ASSUME A CHEFIA DA FAMÌLIA APÓS DERROTAR DONA
CARMOSINA POR NOCAUTE
- A Bênção, Pai – Fala Perpétua, tran
- Ela está viva ou não? Que invenção é essa de dizer que ela morreu? É só o que
ouço falar. Foram lá a casa para mais de dez pessoas.
- O mais certo é que tenha morrido. Se morreu, como parece…
- … nós estamos ricos, seu Zé, podres de ricos… - interrompe Astério, já sem
dor, curado.
Dona Carmosina recupera-se:
- Seu Zé, Perpétua vai ler uma notícia de um jornal de São Paulo que fala de
Tieta.
Tonha ocupa uma cadeira, o Velho permanece de pé:
- Pois que leia.
Novamente o recorte próximo da luz, Perpétua pigarreia limpando a voz, informa
antes de começar a leitura:
- Tomei nota da data do jornal, 11 de Setembro, não tem ainda três meses…
- Dois meses e dezasseis dias… - ninguém liga para a conta de dona Carmosina.
- O Comendador Filipe de
Almeida Couto – lê pausadamente Perpétua – e sua esposa, Antonieta, convidam os
inúmeros amigos e admiradores do casal para a missa em acção de graças,
comemorativa dos seus qui nze anos de
casamento, que será celebrada na Igreja da Sé que será celebrada pelo mesmo
reverendo, padre Eugénio Melo, que celebrou o matrimónio.
À noite, Antonieta e Filipe abrirão as portas da sua mansão para receber
com a fidalguia de sempre. De Brasília virá especialmente para participar dos
festejos o Ministro Lima Filho que, sendo na época juiz na capital, presidiu ao
acto civil. A champanhota se prolongará noite adentro, com ceia e dança à
meia-noite.
O recorte passa de mão em mão, cada um o lê, o alívio é geral.
Perpétua fita dona Carmosina, num desafio:
- Que me diz, agora?
Quem responde é Elisa, a voz vibrante:
- Quer dizer que tu sabia o nome do marido dela e não disse nada à gente? –
Elisa pensa na missa, na mansão, na festa, na champanhota.
- Sabia, há mais de dois meses. Contar a você para quê? Para quê, me diga?
Astério se exalta e propõe:
- Vou com você a Esplanada falar com o juiz…
- Falar com o Juiz? Porquê? – pergunta Zé Esteves.
- Por causa da herança, metade é da gente.
Perpétua explica:
- É, sim, Pai. Metade é da família dele, metade é nossa, da família de
Antonieta.
- Eu vou também, quero saber disso direito.
- Não precisa ir ninguém. Eu vou sozinha, é melhor. Converso com o juiz em nome
de todos, sem confusão. Depois a gente decide o que fazer. – Expulsa a vencida
dona Carmosina: - Nós, da família, sem estranhos.
Erecta na cadeira, Perpétua é o chefe da família, assumiu o lugar.
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