O Génio Coreano
Ontem falei aqui
da Coreia do Norte, do seu regime político ditatorial e paranóico e de um chefe
endeusado que trata os cidadãos como um rebanho de súbitos que o seguem e
veneram.
Isto é verdade, todo mundo conhece as
imagens dessa veneração, das paradas, dos militares ridiculamente medalhados da
cabeça aos pés, dos posteres e retratos
de dimensões anormais com as caras do filho, Kin Junh-Un e do pai,
fundador do regime, Kim Il Sung... tudo isto é verdade mas não anula o essencial:
o génio do povo coreano que está bem expresso a Sul do paralelo 38, na Coreia do
Sul.
Com os seus 50 milhões de habitantes, o
dobro da do norte, é a 2ª economia mundial, 15º país do índice de
desenvolvimento da ONU e está no topo do registo das patentes científicas.
Lideram no desempenho escolar a nível
mundial e têm empresas líderes, como a Samsung, Hyundai ou a LG. O meu automóvel,
aqui na pontinha da Europa, é um
Kia, sul-coreano.
E tudo isto assenta numa base cultural,
comum a todo o povo coreano, na tradição confucionista que assenta no trabalho árduo
e no apreço pelo conhecimento.
A Norte, é o desaproveitamento destas
qualidades por um regime anacrónico que não consegue competir com a democracia
pujante do sul e se resguarda num poderio militar que amedronta os vizinhos e
serve para alimentar a propaganda interna.
Norte e Sul são hoje inimigos como o eram
entre 1950/53 quando estiveram em guerra que terminou com a separação definitiva
por uma linha traçada no terreno sobre o paralelo 38.
Quando, do espaço, se olha de noite para
toda a península coreana, a Norte é uma escuridão à excepção de um pontinho de
luz, a capital, Pyongyang. A Sul, predomina a luminosidade mais intensa em Seul
e Busan.
E, no entanto, quando terminou a colonização
Japonesa, a Coreia do norte tinha a quase totalidade da infraestrutura
industrial e recursos minerais e mesmo na fase de reconstrução, a vantagem
parecia ainda estar do lado comunista.
Quando, no início da década de 60, o Norte
ainda ganhava ao Sul, comparando os níveis de vida, ele era aqui , mais baixo do que em algumas nações africanas
recém-independentes.
Hoje, é o que se vê: um Norte pobre e um Sul próspero a tal ponto que a reunificação do país é completamente irrealista.
A Norte, a fome dos anos 90 já passou e o
regime autorizou que as explorações agrícolas privadas proliferassem, bem como
mercados informais.
Há novos prédios, rede de telemóvel e anúncios
a carros mas... imagine-se o que poderia ser a Coreia reunificada se todos os
cientistas que investem em bombas nucleares se dedicassem a produzir tecnologia
que melhorasse a vida das pessoas.
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