Quando a população das
Ilhas Britânicas, por razões de natureza religiosa e económica, começou a
rumar à América dos Índios, deixando definitivamente para trás as suas raízes, passamos a ter a América
dos Colonos.
A imensidão do território
que os esperava, o espaço vazio, o isolamento, as dificuldades que tiveram de
resolver e ultrapassar, a novidade de tudo o que encontraram, desenvolveu
nestas pessoas um terrível sentimento de orfandade e, dominados por ele,
agarraram-se a Deus e às armas.
As memórias de tudo o que
tinha ficado para trás, da herança do passado, cristalizou nos seus cérebros e
funcionou como pilar das suas novas vidas.
Recomeçaram do zero num
espaço desconhecido mas, ao mesmo tempo, desafiante.
Na construção dessa nova
sociedade duas grandes preocupações: segurança e justiça. A grande protecção só
poderia vir de Deus, por isso, a Bíblia na cabeceira da cama, mas para a outra
protecção, que não era divina, havia a espingarda pendurada na parede à mão de
semear.
Para o resto, o Xerife e o
Juiz eram os bons, os bandidos e os índios, os maus.
Aprendemos tudo isto nos
filmes de western, ainda dos anos 50. Nós próprios, em criança, também brincámos
aos cowboys aos “tiros” uns aos outros.
Na ausência de uma
sociedade estruturada, desenvolveu-se o individualismo e a solidariedade como
forma de sobrevivência.
Todos os sentimentos e instintos de homens entregues a si
próprios, ficaram livres para se expandirem sem o olhar correctivo e atento da sociedade
tradicional da velha Grã-Bretanha.
O colono americano teve que se defender a si, à família, casa e animais, e na ausência de uma autoridade, era à sua arma que
ele entregava a sua segurança.
No princípio, em vários Estados da
América do Norte era assim: um homem sem a pistola à cintura sentia-se despido.
Todos os polícias e forças da ordem que o deviam proteger estavam ali, na sua cintura, e hoje, em 2015, a pistola lá continua pela força dessa tradição quando já não faz sentido algum e com os riscos denunciados.
Todos os polícias e forças da ordem que o deviam proteger estavam ali, na sua cintura, e hoje, em 2015, a pistola lá continua pela força dessa tradição quando já não faz sentido algum e com os riscos denunciados.
Obama fala ao país e
comove-se até às lágrimas quando se refere às crianças vítimas das armas
acessíveis a toda a gente mas a lei americana, a que representa a ala
conservadora, obsoleta, religiosa, republicana, não quer mudar sendo que,
agora, são já os seus interesses ligados à indústria da armas que estão em
jogo.
Obama, no fim do seu
mandato, depois de se ter emocionado à frente da nação americana, irá fazer
tudo o que estiver ao seu alcance mas o espectáculo que deu foi bem o retrato
da sua impotência.
A esperança reside na
eleição de Hillary Clinton, uma feroz defensora de uma lei das armas ainda mais
restritiva.
O lema dos E.U.A é: - “Em Deus
confiamos”, e esta religiosidade foi expressa em moedas há mais de um século,
mas a confiança nas armas é ainda mais antiga pelo que, qualquer mudança, não
será fácil nem rápida e contará sempre com opositores viscerais.
Obama nem sequer cumpriu o
serviço militar, ao contrário de George Washington, Kennedy, Búfalo Bill... e estes
é que fazem a mitologia americana.
Pessoalmente, o assassínio de três homens incompatibilizaram-me com a América: os irmãos Kennedy e Luther King.
Já lá vão muitos anos mas nunca esqueci a morte dessas pessoas que tanto admirava. Por elas, nunca quis visitar a América, fiquei sentido para sempre...
Pessoalmente, o assassínio de três homens incompatibilizaram-me com a América: os irmãos Kennedy e Luther King.
Já lá vão muitos anos mas nunca esqueci a morte dessas pessoas que tanto admirava. Por elas, nunca quis visitar a América, fiquei sentido para sempre...
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