sábado, fevereiro 13, 2016

Assim Nasceu Portugal
(Domingos Amaral)

Episódio Nº 189




















Fugindo àquela tentativa de cumplicidade óbvia, o príncipe de Portugal recordou o que lhe interessava:

 - Se as nossas mães tivessem cumprido o pacto feito pelos nossos pais, não teriam existido tantas guerras.

Contudo, seu primo não estava de acordo. Não havia qualquer prova escrita da existência de qualquer arranjo entre primos burgonheses.

- Como sabeis, nosso avô não aceitou a ideia – defendeu Afonso VII.

Em Toledo, o antigo imperador expulsara o conde Henrique, decidindo que a Galiza se manteria nas mãos de Dona Urraca.

O rei soltou uma inesperada gargalhada:

 - Se nosso avô tivesse seguido a opinião de vosso pai, eu apenas seria rei de Leão e Castela, a Galiza seria vossa!

Sem compreender do que se ria o primo, Afonso Henriques ripostou:

 - Era o que devia ser. E é o meu direito.

Como se tudo não passasse de uma brincadeira, Afonso VII deu nova risada, ignorando ostensivamente as ambições do primo.

Nosso avô chegou a intitular-se: “Imperador de duas Religiões” e casou com uma moura! O nosso tio Sancho era filho dela, ele é que devia ter herdado o trono do imperador!

Afonso Henriques franziu a testa intrigado.

- Pensais casar-vos com uma moura?

O primo deu uma gargalhada:

 - Jesus, nem pensar! O califa de Marraquexe atravessava logo o mar!

Os temores cristãos eram sempre justificados, as tropas de Ali Yusuf continuavam a combater no Leste e no Sul da Península.

- Nisso, nosso avô também estava errado – afirmou o rei – Não devemos unir-nos aos infiéis, devemos é combatê-los! São eles o inimigo, nunca o podemos esquecer.

Não fazem sentido as guerras entre os cristãos. Já o disse a Afonso de Aragão e digo-o também a vós. É tempo perdido. Os mouros é que têm de ser expulsos da Península.

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