(Domingos Amaral)
Episódio Nº 189
Fugindo àquela tentativa de cumplicidade
óbvia, o príncipe de Portugal recordou o que lhe interessava:
-
Se as nossas mães tivessem cumprido o pacto feito pelos nossos pais, não teriam
existido tantas guerras.
Contudo, seu primo não estava de acordo.
Não havia qualquer prova escrita da existência de qualquer arranjo entre primos
burgonheses.
- Como sabeis, nosso avô não aceitou a
ideia – defendeu Afonso VII.
Em Toledo, o antigo imperador expulsara o
conde Henrique, decidindo que a Galiza se manteria nas mãos de Dona Urraca.
O rei soltou uma inesperada gargalhada:
-
Se nosso avô tivesse seguido a opinião de vosso pai, eu apenas seria rei de
Leão e Castela, a Galiza seria vossa!
Sem compreender do que se ria o primo,
Afonso Henriques ripostou:
-
Era o que devia ser. E é o meu direito.
Como se tudo não passasse de uma
brincadeira, Afonso VII deu nova risada, ignorando ostensivamente as ambições
do primo.
Nosso avô chegou a intitular-se:
“Imperador de duas Religiões” e casou com uma moura! O nosso tio Sancho era
filho dela, ele é que devia ter herdado o trono do imperador!
Afonso Henriques franziu a testa
intrigado.
- Pensais casar-vos com uma moura?
O primo deu uma gargalhada:
-
Jesus, nem pensar! O califa de Marraquexe atravessava logo o mar!
Os temores cristãos eram sempre justificados,
as tropas de Ali Yusuf continuavam a combater no Leste e no Sul da Península.
- Nisso, nosso avô também estava errado –
afirmou o rei – Não devemos unir-nos aos infiéis, devemos é combatê-los! São
eles o inimigo, nunca o podemos esquecer.
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