Paulo Portas, o homem da geringonça |
A “geringonça”
De forma depreciativa, Paulo Portas, o
mais mordaz e imaginativo político português, chamou de “geringonça” ao
entendimento do PS com os dois partidos de extrema – esquerda, PCP e BE, que
permitiu a António Costa liderar um governo com apoio maioritário do
Parlamento.
E por quê, geringonça? – É que este
entendimento, não só é inédito como tem carácter oportunístico dadas as
diferenças políticas entre um partido do centro, europeísta, da NATO, que é o
PS, e os outros dois partidos que não pertencem a este leque político.
Do ponto de vista democrático, no entanto, tudo era
preferível à continuação no poder da direita liderada por Passos Coelho que,
tendo vencido as eleições, perdeu no conjunto da votação.
O mesmo viria a acontecer na nossa
vizinha Espanha mas aqui , Rajoy, nem
sequer aceitou ir para o poder, ao contrário do que foi o entendimento de
Cavaco e Passos Coelho em Portugal.
Mas havia diferenças profundas entre uns
e outros, de natureza política concept ual,
uns contra a NATO, Pacto de Estabilidade e outros aspectos essenciais da
sociedade, mas António Costa, que tinha perdido as eleições, é um homem de
consensos e percebeu logo, na noite das eleições, que poderia vir a chefiar o
próximo governo. Por isso, só desceu para a sua declaração ao país, que deveria
ser de derrota, depois de conhecer a totalidade dos resultados eleitorais...
António Costa estava consciente dessas
diferenças profundas e por isso limitou-se a pedir ao PCP e BE para o deixarem
governar com um Acordo mínimo ao qual, Paulo Portas, sagaz, denominaria de
“geringonça”.
À frente desta “geringonça”, Costa põe à
prova as suas qualidades de negociador pois não é fácil manter o Acordo à
esquerda, mesmo mínimo, por um lado, e por outro, satisfazer as exigências de
Bruxelas com tantas ameaças na manga.
Ele quer imitar Matteo Renzi, 1º
Ministro italiano, que apresentou um Orçamento verdadeiramente expansionista mas,
falta-lhe para isso, dimensão.
O país de Costa é dos mais pequenos e frágeis
da Europa e, não obstante a sua longa história, não se salva da lei da selva
que faz triunfar os mais fortes.
António Costa está na corda-bamba entre os
“primos” e os “tios”. Os primeiros, do PCP e BE que, ainda por cima não se dão
um com o outro, obrigando a negociações separadas. Os “tios”, são a outra
parte, os euro-cratas, com quem tem de negociar em Bruxelas.
Uma coisa mudou: acabaram-se as
conversas com os técnicos da troyka que desembarcam no aeroporto de Lisboa.
Esses, que falem com os técnicos do Ministério.
Costa, só fala com o Presidente da
Comissão Europeia ou com outros Chefes de Governo, e o Ministro Centeno não
desce abaixo do Comissário francês com o pelouro da Economia e Finanças, Pierre
Moscovici.
No final, iremos ter que aceitar as
“recomendações” de Bruxelas porque as sanções previstas não nos deixam
alternativa, mas marcámos posição.
Veja e aprenda, Sr. Passos Coelho, que
tinha voz forte cá dentro, com os fracos dos seus concidadãos, mas “rastejava”
lá fora com os fortes...
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