quarta-feira, fevereiro 03, 2016

Paulo Portas, o homem da geringonça

A “geringonça”

















De forma depreciativa, Paulo Portas, o mais mordaz e imaginativo político português, chamou de “geringonça” ao entendimento do PS com os dois partidos de extrema – esquerda, PCP e BE, que permitiu a António Costa liderar um governo com apoio maioritário do Parlamento.

E por quê, geringonça? – É que este entendimento, não só é inédito como tem carácter oportunístico dadas as diferenças políticas entre um partido do centro, europeísta, da NATO, que é o PS, e os outros dois partidos que não pertencem a este leque político.

Do ponto de vista democrático, no entanto, tudo era preferível à continuação no poder da direita liderada por Passos Coelho que, tendo vencido as eleições, perdeu no conjunto da votação.

O mesmo viria a acontecer na nossa vizinha Espanha mas aqui, Rajoy, nem sequer aceitou ir para o poder, ao contrário do que foi o entendimento de Cavaco e Passos Coelho em Portugal.

Mas havia diferenças profundas entre uns e outros, de natureza política conceptual, uns contra a NATO, Pacto de Estabilidade e outros aspectos essenciais da sociedade, mas António Costa, que tinha perdido as eleições, é um homem de consensos e percebeu logo, na noite das eleições, que poderia vir a chefiar o próximo governo. Por isso, só desceu para a sua declaração ao país, que deveria ser de derrota, depois de conhecer a totalidade dos resultados eleitorais...

António Costa estava consciente dessas diferenças profundas e por isso limitou-se a pedir ao PCP e BE para o deixarem governar com um Acordo mínimo ao qual, Paulo Portas, sagaz, denominaria de “geringonça”.

À frente desta “geringonça”, Costa põe à prova as suas qualidades de negociador pois não é fácil manter o Acordo à esquerda, mesmo mínimo, por um lado, e por outro, satisfazer as exigências de Bruxelas com tantas ameaças na manga.

Ele quer imitar Matteo Renzi, 1º Ministro italiano, que apresentou um Orçamento verdadeiramente expansionista mas, falta-lhe para isso, dimensão.

O país de Costa é dos mais pequenos e frágeis da Europa e, não obstante a sua longa história, não se salva da lei da selva que faz triunfar os mais fortes.

António Costa está na corda-bamba entre os “primos” e os “tios”. Os primeiros, do PCP e BE que, ainda por cima não se dão um com o outro, obrigando a negociações separadas. Os “tios”, são a outra parte, os euro-cratas, com quem tem de negociar em Bruxelas.

Uma coisa mudou: acabaram-se as conversas com os técnicos da troyka que desembarcam no aeroporto de Lisboa. Esses, que falem com os técnicos do Ministério.

Costa, só fala com o Presidente da Comissão Europeia ou com outros Chefes de Governo, e o Ministro Centeno não desce abaixo do Comissário francês com o pelouro da Economia e Finanças, Pierre Moscovici.

No final, iremos ter que aceitar as “recomendações” de Bruxelas porque as sanções previstas não nos deixam alternativa, mas marcámos posição.

Veja e aprenda, Sr. Passos Coelho, que tinha voz forte cá dentro, com os fracos dos seus concidadãos, mas “rastejava” lá fora com os fortes...

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